Inácio critica pauta que “mercado” quer impor a Dilma


Inácio critica pauta que “mercado” quer impor a DilmaO senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) analisou, na Tribuna, dia 11, a forma como o chamado “mercado” age para impor o programa que perdeu as eleições presidenciais brasileiras, “o programa que o ‘mercado’ defendeu, usando os vários instrumentos de que dispõe, especialmente uma parcela, embora pequena, mas com muita força, da mídia brasileira, para fazer a pauta que lhe interessa”.

Para o senador, o “mercado”, sempre entre aspas, para representar os grupos monopolistas, considerou como um dos temas centrais a contenção do gasto público: “O primeiro gasto público mais substantivo, mais pesado e que corrói as finanças do País, o gasto bem-vindo para os bancos e para os mercados, é o gasto com a dívida pública, que leva uma montanha de bilhões de reais. Mas para esse gasto o ‘mercado’ olha para ele e diz: que maravilha!”.

Inácio denunciou que “o ‘mercado’ e seus oráculos, ao mesmo tempo em que cantam fortemente que têm de cuidar da segurança pública, querem cortar os gastos, querem diminuir a capacidade da União, dos Estados e dos Municípios de investir em segurança pública. Investir em segurança pública é investir nas cidades, é investir em iluminação pública, em parques públicos bem cuidados, com espaços públicos para a população; é investir mais em esporte e lazer, é ter mais capacidade de oferecer serviços de cultura para a população. É essa associação com as cidades, com as maiores cidades, com as regiões metropolitanas que pode oferecer uma qualidade mais adequada de serviços para a população. Eis aí um gasto importante, mas esse eles querem cortar”.

O parlamentar saudou o compromisso da presidenta Dilma de, no seu segundo mandato, construir mais 3 milhões de novas moradias: “isso não é pouca coisa, não! É uma ousadia. Resta saber se nós seguraremos a peteca da pressão do chamado ‘mercado’ para conter os gastos públicos, porque este ‘garantir moradia para o povo’ é uma despesa pública fundamental. Nós vamos conter essa despesa pública? É aqui que nós vamos cortar? É no Minha Casa, Minha Vida? Onde é que nós vamos fazer a austeridade, o controle dos gastos públicos, que é o motivo da pressão maior sobre a economia brasileira?”.

Registrou que “o que ficou demonstrado em período recente foi a capacidade indutora do Estado para alavancar o setor privado, inclusive com maior desoneração tributária. As últimas medidas provisórias baixadas pela presidenta tratam de desonerar setores econômicos importantes, para reduzir custos, para diminuir preços. O que queremos é que se aumente a oferta de alimentos, a oferta de bens produzidos. É esse o nosso caminho, e não aceitar essa cantilena de pressão total para controlar a inflação, usando o remédio que é tirar a capacidade de o povo ter direito a questões básicas, como moradia, como educação de qualidade”.

Na opinião de Inácio, o Estado como fomentador do desenvolvimento com inclusão social e a valorização da educação é o “caminho novo, que querem conter por todos os meios. Não conseguiram conter pelo voto. Perderam! E, derrotados, querem impor a ideia como agenda para o Governo. Não é possível aceitar esse tipo de agenda. Temos que colocar em pauta uma pressão social junto ao governo, e não contra o governo, dizendo: ‘Presidenta, nós queremos manter o caminho do acesso do povo mais simples, do povo mais pobre a bens importantes para a elevação da qualidade de vida da população brasileira’. E seria o quê? Segurança pública, que deve ter um outro tratamento, já proposto pela presidenta, de unificação da ação da segurança pública no País. Nós queremos ampliar o acesso à formação, na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio, com profissionalização permanente para todos, e ampliação do ensino superior. Nós queremos aumentar a nossa relação do Ciência sem Fronteiras, para que ele possa atingir não só as grandes universidades da Europa, dos Estados Unidos, mas também da Ásia inteira, da América do Sul, que tem grandes universidades. Nós queremos ampliar o investimento público na saúde. Nós temos que pressionar para dar maior velocidade ao assentamento ainda de milhares de brasileiros, que estão à beira de estradas, em acampamentos. São brasileiros que querem produzir”.

Na opinião do senador, deve-se contrapor “a essa pressão do ‘mercado’, a pressão social, que tem importância. Foi a pressão social que deu sustentação aos governos de Lula e de Dilma. No Brasil, os bancos continuam ganhando muito dinheiro. Mas houve uma particularidade: o povo mais pobre também ganhou um pouco mais, aumentou a sua renda, movimentou o interior do Brasil. É essa a política nova que aconteceu. Setores industriais que estavam mortos e enterrados, empresários que estavam falidos, foram soerguidos. A indústria naval do Rio de Janeiro tinha sido destruída; soergueu-se. É isso que é novo, e esse novo temos que manter e ampliar. Nós não devemos aceitar essa ideia de redução, essa ideia de impedimento, de que os mais simples e mais pobres do povo têm que deixar de ter direitos, porque só assim nós controlamos a inflação e só assim o País volta a crescer. Sinceramente, esse não é o caminho. Nós não devemos entrar nessa cantilena de ajuste tão forte que impeça o nosso povo e o nosso País de respirar. É isso que desejam os mercados, para que eles possam ganhar muito, para que eles possam ganhar mais, e para que o nosso País fique subjugado a interesses que não são os nossos”.