Fortaleza já possui 16 adeptos da microgeração de energia


A geração da própria eletricidade faz parte da resolução 482 da Aneel, que regulamenta as conexões ao ONS

Mais 11 consumidores da Capital cearense estão com projetos para geração da própria eletricidade sendo avaliado pela Coelce – Foto: Natinho Rodrigues

Pioneiro na geração de energia elétrica a partir dos ventos e também do Sol, o Ceará passa, atualmente, por uma nova fase em relação à energia renovável ao possuir 16 consumidores que optaram por gerar a própria eletricidade conectados à rede elétrica estadual – e mais 11 cujos os projetos estão sendo avaliados -, de acordo com o último cálculo da Companhia Energética do Ceará (Coelce) para os projetos de micro e mini geração no Estado. A geração da própria eletricidade, em tempos de falta de chuva e de apagões Brasil a fora parece sonho, mas é realidade e faz parte da resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regulamenta as conexões ao Operador Nacional do Sistema – o órgão responsável por distribuir a energia gerada em todo o País.

Sem imunidade aos apagões

No entanto, ter um sistema interligado de placas solares ou de aerogeradores – que parece o ideal, principalmente, em uma terra onde as duas matérias primas são abundantes – não garante estar imune aos apagões que tanto tem atormentado comerciantes, industriais e, mais intensamente, os consumidores comuns nos últimos anos.

Isso acontece porque, segundo explica a gerente comercial e de Marketing da Kwara, Flávia Albuquerque, as regras da resolução estabelecem que o circuito das residências ou negócios estejam ligados à rede da concessionária – no caso do Ceará, a Coelce – e quando ocorre pane ou queda no fornecimento é necessário que a mini ou micro-geração também seja desligada.

“É uma questão de segurança, pois quando o técnico vier consertar o defeito, ele corre risco se algum sistema estiver energizado”, justifica. Apesar de não prover o abastecimento em tempo integral, ela garante que “a qualidade da energia consumida é superior, pois há menos oscilação e, consequentemente, menos queima de equipamentos”.

Cenário promissor

Responsável pelas primeiras investidas em mini e microgeração de energia elétrica a base de fontes renováveis, o engenheiro e proprietário da GramEolic, Fernando Ximenes, conta que, ao longo de 20 anos, desenvolveu projetos tanto para a iniciativa privada quanto para consumidores comuns.

“Dentre os projetos que desenvolvi está o do Hospital da Mulher – placas solares – e as potências instaladas variam entre 2 kw (quilowat) até 34kw (quilowat)”, conta Ximenes. Nos últimos dois anos, depois de criada a resolução 482 da Aneel, porém, mais empresas voltadas à mini e micro-geração de energia surgiram no mercado brasileiro e, no Ceará, algumas montaram sede, como a Kwara. Localizada no Barroso, a empresa é especializada em geração solar e já conta com dois projetos conectados à rede da Coelce e outros tantos em análise comercial. Ao todo, são 12 kits (combinações de placas e circuitos para a geração de energia) comercializados pela Kwara, com os quais a empresa já realizou 22 projetos em diversos estados do País, “dentre eles Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná”.

Falta informação

Mas todo esse trabalho ainda é pouco para a gerente comercial e de Marketing. Flávia considera que a falta de informação sobre este tipo de serviço pelo grande público alvo ainda é o grande entrave para o desenvolvimento do setor no Ceará e no Brasil como um todo. “Ainda é uma coisa nova, as pessoas ainda não sabem como funciona e os valores também ainda são muito altos”, aponta.

Falando em valor, outro fator de suma importância e que não se desenvolveu, na opinião dela, é o financiamento para as empresas investirem em projetos de geração a partir de energia renovável. “Tudo ainda é financeiramente indeterminado e demorado, mesmo já tendo algumas linhas de fomento que abrangem a energia renovável”, lamenta.

A falta de instituições de fomento impediriam tanto os projetos como os de Ximenes, cujos só a visita técnica custam de R$ 1 mil a R$ 5 mil, quanto os da kwara, onde o quilowat pico chega a R$ 10, fossem viabilizados por consumidores comuns.

Armando de Oliveira Lima
Repórter

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Fonte: Diário do Nordeste
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