Inácio Arruda lembra centenário do escritor Rui Facó


Na foto, (esq) Paulo Motta Lima, Astrogildo Pereira, Graciliano Ramos, Aydano do Couto Ferraz, Rui Facó, Dalcício Jurandir e Álvaro Moreyra na redação da Tribuna Popular, jornal do Partido Comunista. Rio de Janeiro, 1945.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) lembrou nesta terça-feira (8), em plenário, os cem anos do nascimento do jornalista Rui Facó, acontecido dia 4 de outubro de 1913. Escritor, defensor de causas sociais e militante do antigo Partido Comunista, Facó morreu em 1963, aos 49 anos, em um acidente de avião, quando viajava a serviço do jornal Novos Rumos. Para o senador, o cearense Rui Facó contribuiu para o avanço das conquistas democráticas e sociais no Brasil.

– Temos que registrar com um viva esse intelectual do povo brasileiro, um bravo combatente, que, com a sua pena, a sua caneta, deixou registradas para todos nós a história e a trajetória de lutas do povo no seu tempo.
Inácio Arruda lembrou o trabalho do jornalista nos Diários Associados e nos jornais A Classe Operária e Tribuna Popular e na Rádio Moscou, na antiga União Soviética. Também citou a prisão em razão de sua “atividade revolucionária” e sua atuação na imprensa comunista mesmo após o fechamento do partido, em 1947.
Da obra de Facó, o senador destacou Cangaceiros e Fanáticos, que relata a vida no cangaço e o fenômeno religioso do Nordeste. O livro serviu de inspiração ao cineasta Glauber Rocha para o seu filme Deus e o Diabo na Terra do Sol.
Eis a íntegra do pronunciamento:
O último dia 4 registrou o centenário do nascimento do jornalista e escritor Rui Facó, um cearense de Beberibe que grande contribuição deu para a compreensão das lutas do nosso povo, para a compreensão da nossa história e para o avanço das conquistas democráticas e sociais em nosso país.
Na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado Paulo Facó (PTdoB) instituiu 2013 como o Ano Rui Facó e informou que os pais do jornalista, Gustavo e Antonieta Facó, deram-lhe o nome em homenagem a Rui Barbosa.
O nosso Rui foi aluno do Liceu do Ceará e iniciou o Curso de Direito em Fortaleza, em 1933. Na nossa capital, ingressou no Partido Comunista, então na clandestinidade. Em 1935, foi morar em Salvador, onde concluiu os estudos e se casou com sua colega de turma Julia Guedes. Ali trabalhou nos Diários Associados e foi um dos fundadores da revista Seiva, em 1938. Devido à sua atividade revolucionária, foi encarcerado pela polícia do Estado Novo.
Em 1945, foi um dos redatores do jornal A Classe Operária, Órgão Central do Partido Comunista, no Rio de Janeiro, e também na Tribuna Popular, jornal de massas dos comunistas, onde cobriu a fundação do Movimento Unificador dos Trabalhadores, capitaneada por João Amazonas, no artigo O MUT, instrumento de unidade da classe operária.
O Partido teve seu registro cassado, em 1947, e suas publicações perseguidas. Mesmo assim, Facó continuou atuando na imprensa comunista. Em 1952, foi para a União Soviética, onde trabalhou nas transmissões da Rádio Moscou para o Brasil. Retornou ao Brasil em 1958, onde reassumiu seus trabalhos na imprensa popular e democrática.
Dentre suas obras estão Cangaceiros e Fanáticos, relatando a vida do cangaço e o fenômeno religioso do Nordeste, e que serviu de inspiração ao cineasta Glauber Rocha para o seu filme clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol; e Brasil século XX, escrita a pedido de uma editora da Argentina e traduzida para vários idiomas, como russo, italiano e tcheco. Segundo seu biógrafo, o jornalista cearense Luís Sérgio Santos, Cangaceiros e Fanáticos tem “rigor, método e estilo”. É obra de um “artesão na garimpagem da informação e na forma”.
Morreu num acidente de avião, na Bolívia, no dia 15 de março de 1963, como descreveu o líder comunista Carlos Marighela: “A morte o colheu exatamente numa de suas viagens pela América Latina, cujos países visitava fazendo reportagens para Novos Rumos, jornal revolucionário onde ocupava um lugar de destaque na redação. Revelava-se assim um internacionalista, empenhando mais uma vez, tal como fizera em sua passagem pelos países socialistas, em cimentar os laços de amizade entre os povos. Comunista convicto, lutava pela completa emancipação econômica e social do povo brasileiro, que desejava um dia ver empenhado na construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista.”
Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, na presença de comunistas como Dias Gomes, Milton Pedrosa, Luiz Carlos Prestes, Di Cavalcante, Carlos Marighela.
Luiz Carlos Prestes o saudou, no sepultamento: “Por vários anos, ajudou o povo brasileiro em sua luta contra o imperialismo e o latifúndio e em favor das grandes campanhas patrióticas, de que é exemplo a defesa do petróleo. Sua memória será sempre lembrada pelo exemplo que deixa de intelectual comunista, sempre a serviço do povo, e de homem de combate”.
É o que fazemos aqui, nesta Casa, nos 100 anos de seu nascimento e 50 anos de sua morte. Viva Rui Facó! Viva o povo brasileiro!

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