Senadores celebram 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga


A coincidência entre o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga e o registro de uma das piores secas vividas pelo Nordeste brasileiro nos últimos 40 anos marcou o discurso de homenagem do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) ao cantor e compositor pernambucano, nesta segunda-feira (3), em sessão especial do Senado.

– A voz forte de Gonzaga ainda ecoa, dirigindo-se para as autoridades, para denunciar o descaso, a burocracia que seguram e impedem a velocidade na ajuda ao povo do Nordeste. O centenário ocorre diante de mais uma tragédia, fruto da ação da natureza para a qual o homem, com toda a ciência, ainda não achou uma solução – lamentou.   Após apontar o filme Gonzaga, de pai para filho como um dos mais tocantes a que já assistiu, o senador pernambucano Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que enquanto Luiz Gonzaga não fez seus poemas e músicas, o Nordeste não existia para o resto do país. Cristovam também destacou trechos de músicas do Rei do Baião, como A Morte do Vaqueiro e Xote Ecológico, para realçar o viés filosófico e a preocupação com o meio ambiente presente em suas composições.

 

– O mais marcante em sua obra é sua força social – emendou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), para quem Luiz Gonzaga era “a bandeira do sertão nordestino em que tremula o Brasil inteiro”.   Do Nordeste para o mundo   Conterrâneo de Rei do Baião, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também assinalou a importância do artista para o “transbordamento” da cultura nordestina para o resto do país e o mundo.   – Quero registrar a minha satisfação, o meu orgulho de participar de um evento em que o Senado fala em nome do Brasil. É uma homenagem do povo brasileiro a uma figura que, sem dúvida nenhuma, tem um espaço forte na formação da musicalidade do país – destacou Jucá.   A genialidade do criador do clássico Asa Branca também foi exaltada pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que creditou a Gonzagão o feito de tirar o Nordeste da sombra e lançá-lo na mídia.

 

– Envolvidos em sentimento de muito orgulho, brasileiros de todos os cantos agradecem o privilégio de ter abrigado um dos maiores talentos musicais, que trouxe uma incomensurável contribuição para a cultura brasileira – declarou Raupp.   Homem do povo   Filho de nordestinos que migraram para a Região Norte nas décadas de 1930 e 1940, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) revelou sua emoção em homenagear Luiz Gonzaga, “um homem do povo que foi exemplo de homem e maçom”.   O parlamentar por Roraima voltou a comentar as razões que o fizeram, algumas semanas atrás, negar ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) um pedido para que o sanfoneiro Chambinho do Acordeon fizesse uma rápida apresentação no Plenário do Senado.   – Não tenho nada contra o cantor (Chambinho) e o povo nordestino, pois seria incoerência eu, filho e neto de nordestinos, ter preconceito. Naquela ocasião eu não podia deixar porque tinha de cumprir o regimento. Agora é diferente porque é uma sessão especial convocada para homenagear Luiz Gonzaga – explicou.

 

A sessão especial de homenagem a Luiz Gonzaga foi presidida pelo senador João Vicente Claudino (PTB-PI), que recordou a morte do Rei do Baião no dia 2 de agosto de 1989, vítima de parada cardiorrespiratória, em Recife (PE).   – O Velho Lua, como também era chamado, repousa eternamente na pequena Exu, ao lado dos pais no Mausoléu do Gonzagão, que fica dentro do Parque Asa Branca, às margens da BR-122, um museu a céu aberto da vida e da obra do inesquecível Lua, um patrimônio cultural do nordeste brasileiro – relembrou João Vicente.

 

 

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