Inácio preside sessão que concede Comenda Dom Helder


Dois arcebispos, um juiz aposentado, um sindicalista e um procurador da República foram os homenageados deste ano com a Comenda Dom Helder Câmara de Direitos Humanos. Eles receberam a distinção na manhã desta terça-feira, 11, no Plenário do Senado Federal, em sessão especial presidida pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

 

Estiveram presentes quatro dos cinco agraciados: Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba; Felício Pontes Júnior, procurador da República no Pará; Manoel Conceição Santos, líder sindical; e João Baptista Herkenhoff, professor e juiz aposentado. Também reverenciado com a comenda, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que tem 91 anos, foi representado pelo padre José Augusto Brasil.

 

Na abertura da sessão, Inácio Arruda manifestou solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), que também já recebeu, em edição anterior, a Comenda Dom Helder: “Neste momento em que realizamos esta cerimônia, Dom Casaldáliga está impossibilitado de conviver com seus paroquianos, ameaçado de morte por invasores da área que pertence aos índios xavantes, a Terra Indígena Marãiwatsèdè, em Mato Grosso. A Polícia Federal teve que escoltá-lo até o aeroporto, para que ele fosse a Goiás, a uma homenagem aos 90 anos de Dom Balduíno, outro agraciado com nossa comenda. Autoridades, amigos e integrantes da Pastoral aconselharam Dom Casaldáliga a ficar fora de São Félix do Araguaia por alguns dias, temendo por sua vida. Na semana passada, num bar em São Félix, um homem anunciou que Dom Pedro ‘não passaria’ da semana”, denunciou o senador.

 

Solidariedade
Dom José Maria Pires agradeceu a comenda em nome de todos os agraciados. Ele prestou homenagem a Dom Helder Câmara, com quem conviveu por muitos anos. Segundo o arcebispo emérito da Paraíba, o antigo arcebispo de Recife, que faleceu em 1999, o ensinou a buscar sempre o diálogo, a amar o inimigo e a viver a pobreza evangélica.

 

O homenageado disse ainda que a ditadura acabou e que hoje os males são outros: a violência, que dizima os pobres; as drogas, que aprisionam os jovens e o sexo sem amor, que transforma as pessoas em objetos. Para combater tais problemas, ele disse que é preciso ir além de atitudes defensivas, buscando redescobrir a solidariedade humana.

 

Outro condecorado, João Baptista Herkenhoff, também fez breve homenagem a Dom Helder e o procurador Felício Pontes Júnior dedicou a comenda “aos procuradores da República que atuam na Amazônia na defesa dos invisíveis”, como os quilombolas, os índios, os ribeirinhos, os apanhadores de açaí, e as quebradoras de babaçu.

 

Saiba mais sobre os homenageados deste ano:

 

Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em Forquilhinha (SC) e tem 91 anos. Coordenou o projeto Brasil: Nunca Mais, que reuniu informações sobre a repressão promovida pela ditadura militar. Em 1972, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, fórum de denúncia contra as violências praticadas pelo regime da época. Em 1985 criou a Pastoral da Criança, com a ajuda da sua irmã, Zilda Arns.

 

Mineiro de Córregos, Dom José Maria Pires tem 93 anos. Por três décadas, foi arcebispo da Paraíba, onde se destacou na defesa dos mais pobres. Por meio do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, fornecia advogados, assistentes sociais e outros profissionais às pessoas carentes.

 

João Batista Herkenhoff, de 75 anos, é livre docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES). Advogado, promotor de Justiça, juiz do Trabalho e juiz de Direito, foi um dos fundadores e ainda é membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória. Atualmente, também é membro da Associação Padre Miguel Maire em Defesa da Vida de Vitória e do Conselho de Curadores do Centro Heleno Fragoso pelos Direitos Humanos, de Curitiba. É militante dos direitos humanos desde o período da ditadura e já escreveu vários livros sobre o tema.

 

Felício Pontes Júnior tem 46 anos, nasceu em Belém e é procurador da República do Estado do Pará. Iniciou sua carreira como advogado do Centro de Defesa de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Atualmente atua em casos de improbidade administrativa, na proteção ao meio ambiente e aos direitos indígenas, das crianças e das comunidades tradicionais.

 

Manoel da Conceição Santos, nasceu em 1935, em Coroatá (MA). Sua trajetória começa organizando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no Maranhão, que chegou a ter 100 mil filiados. Contribuiu mais tarde para a organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi preso e torturado durante a ditadura militar. Atualmente atua na organização de cooperativas, procurando incentivar a economia solidária.

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