Bancada do Ceará vai discutir a transposição do São Francisco


O deputado Inácio Arruda (PCdoB/CE) vai reunir a bancada cearense, nessa terça-feira (), na Câmara Federal, para discutir a integração de bacias e a criação de uma Frente Parlamentar em defesa da transposição das águas do rio São Francisco para o semi-árido. Inácio, que é coordenador da bancada cearense no Congresso Nacional, explica que a integração da bacia do rio São Francisco com as dos rios do Nordeste Setentrional permitirá que cinco Estados, inclusive o Ceará, aproveitem melhor seus recursos hídricos.


            O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que está à frente do projeto, considerado prioridade do governo Lula, será convidado para a reunião. Na noite desta segunda-feira, o ministri fez uma entusiasmada, enfática e cerrada defesa do projeto.


            Inácio espera que Ciro esclareça os parlamentares cearenses sobre os pontos polêmicos do projeto. A integração do São Francisco atenderá cerca de 10 milhões de pessoas no semi-árido setentrional. O argumento do governo federal em defesa do projeto é de que “não temos o direito de destinar ao oceano uma parte da água do São Francisco sem que se possa tirar uma cuia para essas 10 milhões de famílias”, nas palavras do presidente Lula.


            Segundo o parlamentar comunista, o assunto deverá também ser estendido às bancadas federais do Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, os outros Estados a serem beneficiados pelo empreendimento.


            “Já fizemos contatos com os coordenadores das bancadas dos Estados beneficiados e todos estão de acordo: precisamos lutar contra a oposição ao projeto São Francisco”, adiantou Inácio Arruda. A ordem, conforme Inácio, é criar uma blindagem política contra ofensiva que os estados da Bahia e Minas Gerais vêm promovendo contra a integração das bacias do São Francisco.


            Oposição de Minas e Bahia


            “Nós não podemos ficar parados diante de um absurdo que esses Estados querem cometer contra tanta gente que quer água para beber e para produzir. É um egoísmo que deve ser enfrentado. Com esse trabalho, queremos fortalecer o presidente Lula e o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), que definiram a integração de bacias como prioridade”, explicou Arruda.


            Ele acrescentou que a ofensiva, por coincidência, ganhou força em estados administrados pelo PFL e pelo PSDB, hoje partidos na oposição ao governo Lula. “Ora, todos sabem que o presidente Lula priorizou a transposição, obra necessária para cinco Estados. Quando é para receber verbas do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste), Minas e Bahia são parceiros do Nordeste? Isso não tem explicação”, desabafou.


            “A questão não é só de querer a água, mas água para cultivar e para o progresso para tanta gente dessas áreas castigadas pelo semi-árido”, destacou Inácio.


            Saindo do papel


            O chefe de gabinete do Ministério da Integração Nacional, Pedro Brito, informou que o projeto já está saindo do papel com as licitações para compra de nove bombas, a serem implantadas em dois eixos do empreendimento. O Ministério aguarda apenas o fim das audiências públicas feitas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar a obra. “Nós esperamos que em março possamos finalizar a parte burocrática para, possivelmente no começo de maio, o governo federal dar a ordem de serviço”, adiantou.


            Pedro Brito disse que o orçamento da Integração Nacional reservou R$600 milhões para o início da obra que “vai ser concretizada, pois é uma promessa do presidente Lula”. Todo o projeto, que deve contar com recursos externos, é estimado em R$4 bilhões.