A Assembléia Legislativa, por iniciativa do deputado Lula Morais (PCdoB), realizará sessão solene em homenagem ao estudante comunista Bergson Gurjão, morto na Gerrilha do Araguaia, durante a ditadura militar. A Solenidade será nesta quinta-feira, 08 de setembro, a partir 15 horas, no Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa.
A história de Bergson, a exemplo de cada um dos guerrilheiros que tombaram durante a Guerrilha do Araguaia, merece destacado registro histórico. Nascido em 17 de maio de 1947, em Fortaleza, filho de Gessiner Farias e Luiza Gurjão Farias, em sua existência lembrada em muitas homenagens, entre as quais está um logradouro de São Paulo que registra poucas informações sobre sua vida breve e rica.
De elevada estatura física, moral e ideológica, entrou na lista negra da repressão do regime militar quando, numa passeata do movimento estudantil cearense, em 1968, resolveu salvar um veículo atingido por um coquetel Molotov na Praça José de Alencar, no centro histórico de Fortaleza. Entendeu que o artefato não deveria causar aquele estrago no automóvel de um cidadão que deveria também se perfilar na luta contra a ditadura.
Exemplo para a juventude
Bergson, uma jovem liderança do curso de Química da UFC (Universidade Federal do Ceará), fora vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes em 1967. Detido em 1968 no 30º Congresso da UNE, em lbiúna, foi expulso da UFC com base no Decreto-lei 477. Indiciado no inquérito promovido pelos militares – que o trucidariam três anos depois -, foi condenado em 1° de julho de 1969 pelo Exército a dois anos de reclusão.
Algum tempo depois rumou para o Araguaia, do mesmo modo que outros jovens e antigos militantes "queimados" na luta política pela restauração das liberdades democráticas no País. Refeito dos ferimentos e sob feroz perseguição, foi residir na região de Caianos, onde prosseguiu suas atividades políticas.
Em sua família, no convívio com seus camaradas e com os moradores da região, sua presença foi marcante pela simplicidade, espírito solidário e dedicado, e, como diz sua outra irmã, Tânia, afetuoso mas firme e flexível nas atitudes. Um perfil riquíssimo de comunista para a juventude que se capacita na luta pelas transformações requeridas pelo Brasil.
Tombou atirando
Bergson tombou nos primeiros tempos do confronto com as tropas oficiais. No dia 8 de maio de 1972, numa emboscada dos militares, protegeu a fuga dos seus camaradas.
No jornal do Brasil de 04/04/2009, o jornalista Vasconcelo Quadros descreve sua morte:
"A história de Bérgson Gurjão Farias é uma das mais dramáticas da guerrilha. Ele e outros quatro ativistas do PCdoB caíram numa emboscada preparada pelos paraquedistas logo no início do conflito. Segundo o Relatório Arroyo (…) Bérgson enfrentou sozinho a tropa para garantir que seus companheiros escapassem ao cerco. Na troca de tiros ele feriu gravemente o então capitão Álvaro de Souza Pinheiro – atualmente general e um dos ideólogos das Forças Armadas -, mas acabou encurralado pela tropa. Ferido, foi executado a golpes de baioneta, num dos episódios mais grotescos protagonizado pelos militares: varado de tiros e barbaramente massacrado, seu corpo foi levado para Xambioá e pendurado numa árvore próxima à delegacia para que a população e outros militantes presos (…). Nessa época, apesar de brutalidades pontuais, os militares tinham ordens expressas do Comando Militar do Planalto de identificar os guerrilheiros mortos e enterrá-los em locais conhecidos. Assim, em 1972, os corpos deveriam ser levados para Xambioá e enterrados no único cemitério da cidade".