Senadores vão pressionar Lula


“Estou confiante na palavra do presidente. Vou comprometer ele com isso. O presidente da República está muito forte atualmente, então tem mais condições de honrar esse compromisso conosco”. A posição é do senador Inácio Arruda (PC do B) e antecipa o que deve ser discutido hoje à noite, em Brasília, numa reunião entre a bancada federal cearense e os deputados estaduais para tratar da questão da siderúrgica Ceara Steel. O objetivo é definir uma posição dos políticos cearenses para a reunião que acontece amanhã, com investidores, Petrobras, Governo do Estado e representantes dos parlamentares, na presença do ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau. Ainda hoje, durante a tarde, os investidores se reúnem com a Petrobras e representantes do Governo do Estado para tentar chegar a um acordo sobre o preço do gás a ser fornecido para a usina.


Inácio Arruda lembra que o momento é de definição e é preciso unir forças. “Não é uma questão de A ou C, é do Ceará todo. Então tem que fazer um esforço concentrado de bancada, envolver parlamentares e as representações empresariais que a gente puder”, observa. Inácio, no entanto, ainda não descarta a possibilidade de que se chegue a um acordo até amanhã e esclarece que só defende a alternativa da bancada cearense buscar o presidente Lula no caso de a negociação comercial falhar. “Se esse caminho se esgota, nosso caminho é o Lula. O presidente já foi instado várias vezes: individualmente, por mim, como coordenador da bancada federal cearense, pelo Ciro (Gomes, deputado federal), pelo ex-governador Lúcio Alcântara, pelo governador Cid (Gomes). Agora, na minha opinião, temos que fazê-lo de forma mais ampla, com a bancada inteira, se não houver acordo”, afirma.


Embora a senadora Patrícia Saboya, que também tem acompanhado de perto as negociações, considere que a Petrobras não tem colaborado para que se chegue a uma definição sobre o fornecimento de gás, ela ainda acredita num entendimento. “Estou com muita esperança ainda que até o dia 1º (amanhã) a gente consiga chegar a um acordo. A Petrobras tem feito corpo mole e insisto que essa responsabilidade deve ser do presidente Lula”, afirma. “Não trabalho com a possibilidade da siderúrgica não vir para o Ceará. Se isso vier a acontecer, será uma facada nas costas do povo cearense”, considera.


O presidente do Conselho Econômico do Ceará, Ivan Bezerra, por sua vez, disse que não deixa de acreditar na possibilidade de um acordo, mas defende a importância da pressão da bancada cearense. “Pode sair acordo, mas a Petrobras está irredutível, não se declara favorável a nada. É necessário pressionar”, diz.