O Senado realizou na manhã desta quinta-feira () sessão especial para comemorar o centenário de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer, que ocorreu no último sábado (). A solenidade contou com a presença do neto do homenageado, Carlos Oscar Niemeyer Magalhães e de Edenize Sousa, gerente do Espaço Cultural Oscar Niemeyer e representante da Fundação Oscar Niemeyer. O mestre Oscar Niemeyer, que reside no Rio de Janeiro, pôde acompanhar e participar da sessão por meio de videoconferência.
Após a execução do Hino Nacional e da Bachiana no 5, de Villa-Lobos, uma das peças preferidas de Niemeyer, o senador Inácio Arruda, primeiro orador inscrito e autor do requerimento da sessão especial pediu ao presidente do Senado, Garibaldi Alves, que transformasse a sessão da Casa em sessão do Congresso, por considerar que o arquiteto merece a homenagem de todo o Congresso Nacional, no que foi atendido.
Inácio Arruda destacou o humanismo do arquiteto e o fato de que o homenageado sempre esteve ligado às causas do povo brasileiro. Inácio definiu o arquiteto como um militante incansável das nobres causas do povo brasileiro, presente em todos os instantes da vida política brasileira com sua força e energia. “É o arquiteto das formas esplêndidas e do sonho socialista; referência viva da luta por um mundo melhor, mais justo, mais rico. Isso mesmo, mais rico; rico, generoso e, sobretudo, mais humano”, disse o Senador, que parabenizou o arquiteto pelo centenário e reverenciou sua obra: “Oscar carrega consigo, a fibra e a garra de um sertanejo, e a leveza, a maestria, de um valente jangadeiro, sangrando os mares do nosso país. Suas obras geniais encontram-se espalhadas em vários Continentes: 8 países, 39 cidades brasileiras, trabalhou e trabalha, incansavelmente, quase todos os dias de sua vida. Em um século de existência, desenhou, riscou, rabiscou uma infinidade de projetos que se transformaram em obras magistrais”, afirmou.
Por meio de um telão instalado no Plenário do Senado, Niemeyer dirigiu a palavra aos Senadores, Deputados e demais presentes à sessão. Definindo-se como “apenas um arquiteto”, Niemeyer afirmou: “sou um ser humano como outro qualquer, sem menor importância, que olha para o céu e sabe como somos pequeninos nesse mundo difícil de viver. Mas tenho procurado manter o meu caminho no sentido de um mundo melhor, todos de mãos dadas, que a gente tenha uma vida mais fraternal. De modo que queremos, nós comunistas é tão pouco, uma vida simples, todos iguais, solidários”, explicou.
O arquiteto disse ainda que, quando vê um grupo de jovens nas ruas protestando, vê que o trabalho deles é mais importante do que o seu. “O importante para mim é a vida, procurar a juventude, ajudar os jovens; alguns vêm ao meu escritório e vejo que eles saem da escola sabendo que vão para um mundo injusto, incerto; a juventude precisa ser cuidada com mais atenção, ela não sabe o que esperar, precisa de solidariedade”, declarou Niemeyer.
Vários parlamentares ocuparam a tribuna para homenagear o arquiteto, como o Presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a Senadora Ideli Salvatti (PT-SC), e os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Marco Maciel (DEM-PE), entre muitos outros.
Confira abaixo a íntegra do pronunciamento do Senador Inácio Arruda:
Exmo Sr. Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Senador Garibaldi Alves Filho; Exmo Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Arlindo Chinaglia; Ilmo Carlos Oscar Niemeyer Magalhães, neto do nosso querido homenageado; Ilma Srª Edenize Sousa, gerente do Espaço Cultural Oscar Niemeyer e representante da Fundação Oscar Niemeyer; Sr. Igor Campos, Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil; Sr. Gibson Paranhos, Vice-Presidente da Regional Centro-Oeste do Instituto dos Arquitetos do Brasil; Srª Elza Bastos, Presidente do Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal; Sr. Paulo Henrique Paranhos, Presidente da Bienal de Arquitetura de Brasília; Exmas Srªs e Srs. Embaixadores e demais representantes do corpo diplomático, Exmas Srªs e Srs. Deputados Federais, Exmas Srªs e Srs. Senadores, quero me dirigir ao nosso homenageado, uma das mais ilustres personalidades da vida política brasileira, um gigante do século XX que adentra o século XXI e, para que essa homenagem pudesse ter a participação direta do nosso homenageado, nós tivemos que nos socorrer do nosso Interlegis, uma instituição do Senado Federal que tem dado grande contribuição aos trabalhos desta Casa, e eu quero agradecer a todos os seus funcionários, que permitiram que nós pudéssemos, neste momento, interagir com Oscar Niemeyer, agradeço a todos os seus servidores e funcionários em nome do Sr. Márcio Sampaio Leão Marques, diretor da Secretaria Especial de Programas do Interlegis.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é um momento desses, auspiciosos, da vida do nosso povo, do povo brasileiro.
Nós vamos quase que encerrar os trabalhos em conjunto. Eu poderia pedir permissão ao Senador Garibaldi Alves Filho e ao Presidente da Câmara para que os dois em conjunto transformassem a sessão solene do Senado em uma sessão solene do Congresso Nacional para as duas Casas pudessem se pronunciar porque temos, inclusive Deputados Federais que estão aqui presentes.
É uma solicitação a V. Exª para que pudesse fazer essa transformação imediata, a requerimento, tenho certeza que subscrito por todos os Senadores e Deputados aqui presentes.
O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB – RN) – Será V. Exª atendido nesse momento, de acordo com o Regimento, porque na verdade o homenageado merece receber esta homenagem de todo o Congresso Nacional. E o Deputado Arlindo Chinaglia vai dizer aqui do seu justo orgulho de também poder integrar a Câmara dos Deputados nesta homenagem.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB – CE) – Muito obrigado, Sr. Presidente.
Srs. Presidentes, agora duplo, Srªs e Srs. Senadores, Deputados e Deputadas, estamos no “Espaço de Niemeyer”, aqui é o “Espaço de Niemeyer”. O Congresso Nacional é uma das suas grandes obras. Nós estamos dentro do “Espaço de Niemeyer” e estamos a um passo da Praça dos Três Poderes, que também é um “Espaço de Niemeyer” e de tantos arquitetos que sobre o seu comando, sobre a sua orientação ou em um coletivo para fazer que também é um espaço de Niemeyer, e de tantos arquitetos sob o seu comando, sob a sua orientação, ou em um coletivo, para fazer mais uma homenagem a um homem que na vida inteira reafirmou os seus ideais socialistas e comunistas. Nesse espaço coletivo, ele buscou produzir a sua arte, colocando-a a serviço do povo brasileiro e de várias nações no mundo.
Por isso, Srªs e Srs. Senadores, convidados e familiares que aqui comparecem em honra ao nosso querido camarada Oscar Niemeyer, arquiteto das formas esplêndidas e do sonho socialista; referência viva da luta por um mundo melhor, mais justo, mais rico. Isso mesmo, mais rico; rico, generoso e, sobretudo, mais humano, mais humano. Esse é o mundo de Niemeyer.
Essa sessão solene que o Congresso Nacional realiza hoje presta uma justa, fraterna e singela, meu caro Oscar Neto, ao transcurso do centenário de nascimento do arquiteto e humanista Oscar Niemeyer. Artista universal, Niemeyer é reconhecido e admirado em todo o mundo. Sua obra é profundamente marcada pela brasilidade, seu traço é de ousadia, ousadia na busca da simplicidade e do novo que molda o concreto e o transforma em suave beleza, como uma bachiana, digamos assim.
Oscar, carrega consigo, a fibra e a garra de um sertanejo, e a leveza, a maestria, de um valente jangadeiro, sangrando os mares do nosso país. Suas obras geniais encontram-se espalhadas em vários Continentes: 8 países, 39 cidades brasileiras , trabalhou e trabalha, incansavelmente, quase todos os dias de sua vida. Em um século de existência, desenhou, riscou, rabiscou uma infinidade de projetos que se transformaram em obras magistrais, o que lhes causam deslumbramento.
Emprestou seu talento, para as causas populares, projetando vários monumentos, em homenagem aos movimentos sociais. Podemos citar alguns, aqui, que estão sempre à nossa vista, especialmente, quando percorremos o nosso país: O Memorial da América Latina – lá, está, a mão estendida, do povo latino – e, tortura, nunca mais, para que nunca, mais, se perseguisse o povo pelos seus ideais.