Senado define as homenageadas com o Diploma Bertha Lutz


O Conselho do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz realizou na tarde de hoje () reunião deliberativa para definir o nome das cinco indicadas que devem receber o diploma, destinado a agraciar mulheres que, no País, tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e questões do gênero.

O Diploma será conferido durante sessão do Senado Federal especialmente convocada para esse fim, no dia 11 de março próximo, durante as atividades do Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, será feita uma homenagem à Olga Benário – que completaria 100 anos em 2008 –  e a Leocádia Prestes, mãe do revolucionário comunista e Senador da República Luís Carlos Prestes.

O Diploma Bertha Lutz vai agraciar cinco mulheres de diferentes áreas de atuação, escolhidas dentre 75 nomes que foram encaminhados à Mesa do Senado Federal:

Jandira Feghali é ex-deputada federal, hoje secretária de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Município de Niterói. Como parlamentar, sempre acompanhou e apresentou projetos de lei em defesa dos direitos das trabalhadoras. Contribuiu para garantir mecanismos em defesa das mulheres como cidadãs.

Mayana Zatz é professora de Genética Humana e Médica do Departamento de Biologia da Universidade São Paulo, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, que realiza relevantes pesquisas no campo de células tronco e presidente da Associação Brasileira de Distrofia Muscular e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Rose Marie Muraro é escritora e patrona do feminismo no Brasil. Rose Marie é formada em Física e Economia, mas foi a partir do pioneirismo na militância feminista no Brasil que construiu sua carreira. Foi uma das criadoras do Centro da Mulher Brasileira, realizando pesquisas e difundindo informações sobre temas como saúde e violência contra a mulher. Em 1985, participou da fundação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Maria dos Prazeres de Souza é parteira tradicional, é presidente da Associação de Parteiras Tradicionais de Jaboatão dos Guararapes. Já realizou cerca de cinco mil partos. Presta atendimento às mulheres de sua comunidade, fazendo parte do Movimento Mães da Pátria, de valorização das parteiras tradicionais e idealizadora do Projeto Comadre, de orientação das parteiras.

Alice Editha Klausz trabalhou na Varig durante 35 anos, sendo responsável pela formação de mais de quatro mil comissários de bordo. Já aposentada, passou a fazer parte da tripulação das aeronaves da FAB que apóiam o Programa Antártico Brasileiro.

O Conselho do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz é formado pelos Senadores:

Serys Slhessarenko (PT/MT) (Presidente), Inácio Arruda (PC do B/CE) (Vice-Presidente), Cristovam Buarque (PDT/DF), Lucia Vânia (PSDB/GO), Maria do Carmo (DEM/SE), Patrícia Saboya (PSB/CE), Roseana Sarney (PMDB/ MA) e Sérgio Zambiasi (PTB/RS).

QUEM FOI BERTHA LUTZ

Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo no dia 2 de agosto de 1894. A ela, as mulheres brasileiras, devem a aprovação da legislação que lhes outorgou o direito de votar e serem votadas. Educada na Europa, ali tomou contato com a campanha sufragista inglesa. Voltando ao Brasil em 1918, formada em Biologia pela Sorbonne, ingressou por concurso público como bióloga no Museu Nacional. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro.

Bertha, ao lado de outras pioneiras, empenhou-se na luta pelo voto feminino. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF).

Somente dez anos depois do ingresso das brasileiras na Liga das Mulheres Eleitoras, em 1932, por decreto-lei do presidente Getúlio Vargas, foi estabelecido o direito de voto feminino.

Candidata pela “Liga Eleitoral Independente”, obteve a primeira suplência, assumindo a cadeira de deputada na Câmara Federal em junho de 1936, devido à morte do titular, Cândido Pereira. Sua atuação parlamentar foi marcada por proposta de mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, visando, além de igualdade salarial, a isenção do serviço militar, a licença de 3 meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas.

Com a implantação da Ditadura em novembro de 1937 e o fechamento das casas legislativas, Bertha permaneceu ocupando importantes cargos públicos, entre os quais a chefia do setor de botânica do Museu Nacional, cargo no qual se aposentou em 1964. No ano de 1975, Ano Internacional da Mulher, Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México. Foi seu último ato público em defesa da condição feminina. Bertha Lutz faleceu no Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1976.