O governo da Bolívia dobrou os recursos do fundo que usa para subsidiar setores exportadores do país, afetados pelo cancelamento dos benefícios concedidos por meio da Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA).
Ontem, o governo dos Estados Unidos anunciou que não restituirá o acordo, interrompido ainda na gestão de George W. Bush, no fim do ano passado. La Paz tinha a esperança de que a decisão fosse revertida por Barack Obama, mas o presidente optou por manter o corte dos benefícios.
Com a perda das vantagens no mercado norte-americano, agora o governo da Bolívia terá disponíveis US$ 16 milhões para auxiliar sua indústria a pagar as tarifas cobradas no acesso aos Estados Unidos.
Além disso, os juros para a liberação de recursos foram reduzidos de 8% para 6%. Para o presidente Evo Morales, desta forma será possível garantir a continuidade das exportações.
O governo boliviano anunciou também que injetará US$ 10 milhões no fundo da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) criado para apoiar exportações dos membros do bloco: Bolívia, Cuba, Venezuela, Equador, Dominica, Honduras, Nicarágua, Antígua e Barbuda e São Vicente e Granadinas.
Morales informou ainda que os recursos de US$ 160 milhões do Banco de Crédito Produtivo serão incrementados em US$ 50 milhões para "apoiar a produção interna e gerar emprego".
A iniciativa responde à inquietação de empresários e trabalhadores, que temem que a suspensão das preferências dadas pelos Estados Unidos provoque um drástico aumento do desemprego. Empresários calculam em US$ 60 milhões os prejuízos causados pela decisão de Obama, além do fechamento de 45 mil postos de trabalho.
Por meio do ATPDEA, Washington concede isenção tarifária a produtos de países que se comprometem com o combate ao narcotráfico. Atualmente, têm direito ao benefício o Peru, a Colômbia e o Equador.
A suspensão do acordo com a Bolívia se deu em meio a uma crise diplomática que teve início em setembro, quando La Paz expulsou do país o embaixador norte-americano. (ANSA)