O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira (10) uma pesquisa sobre emprego no Brasil. De acordo com o estudo, apesar dos importantes avanços socioeconômicos do País, os mais pobres continuam sendo os mais afetados pela falta de trabalho.
Segundo a pesquisa, houve redução no nível de desemprego nos últimos cinco anos e aumento na taxa de ocupação, inclusive com melhora de renda dos trabalhadores. As mudanças, entretanto, não foram suficientes para eliminar as desigualdades sociais do Brasil e as ampliaram entre os desempregados das seis principais regiões metropolitanas do País. Para os técnicos do Ipea, a desigualdade e o desemprego entre os mais pobres pode ser consequência do incremento nos rendimentos dos que estão ocupados.
A pesquisa mostra que, enquanto nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife, a taxa de desemprego geral caiu 31,4% de dezembro de 2005 para o mesmo mês de 2010, entre os 10% mais pobres o desemprego cresceu 44,2%.
Além disso, também cresceu a desigualdade entre os 10% que ganham mais e os 10% que ganham menos. A partir dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os técnicos do Ipea constataram que a diferença nas taxas de desemprego dos dois grupos, que em 2005 era de 11 vezes, passou a ser de 37 vezes em 2010.
Enquanto o percentual de desempregados entre os trabalhadores mais bem remunerados baixou de 2,1% para apenas 0,9% do total, entre os mais pobres o índice subiu de 23,1% para 33,3%, resultado melhor do que o registrado entre os anos de 2007 e 2009, mas ainda muito abaixo do verificado entre os do primeiro grupo.
Como consequência, a participação dos trabalhadores mais pobres no índice de desemprego cresceu de 37,4% para 45,2% no mesmo período. Já entre os 20% de maior rendimento, o total de pessoas sem trabalho baixou de 7,8%, em 2005, para 6% em 2010.
Os responsáveis pelo estudo disseram que a pobreza está cada vez mais relacionada ao desemprego e não à má remuneração. Segundo a pesquisa, é necessário avançar em políticas públicas capazes de reduzir as desigualdades sociais produzidas pelas diferenças de rendimento.
Por outro lado, quando desempregados, os trabalhadores com menor poder aquisitivo passaram a encontrar um novo serviço mais rapidamente que os mais bem remunerados. Em dezembro de 2010, o tempo médio de procura por trabalho para o desempregado entre os que ganham menos foi de 248,3 dias, enquanto em dezembro de 2005 era de 341,4 dias. Já entre os que ganham mais, o tempo de procura subiu de 277 para 320,6 dias, em média.