Uma delegação do Partido Comunista Português (PCP) esteve hoje em Brasília visitando o Congresso Nacional. Jorge Cordeiro, membro da Comissão Política do Partido Comunista Português, e Alfredo Monteiro, presidente da Câmara Municipal do Seixal visitaram o Plenário do Senado na companhia do Senador Inácio Arruda. Mais cedo, estiveram na Câmara dos Deputados em reunião com a bancada federal do PCdoB.
A agenda no Brasil foi mais um passo no fortalecimento das relações entre os dois partidos e serviu também para preparar a vinda ao Brasil do secretário-geral do PCP, Jerônimo de Sousa, em junho, e da ida do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, a Portugal, em julho.
Jorge Cordeiro declarou que “as visitas têm um forte significado de aprofundamento da nossa amizade. Queremos que nossas relações sejam não apenas preservadas como também desenvolvidas”. Ele também falou do atual momento vivido pelo PCP. “Travamos uma luta no plano nacional, contra o atual governo, que é convergente com a luta que fazemos no parlamento europeu uma vez que as duas políticas, de Portugal e da União Européia, seguem no mesmo sentido neoliberal”.
De acordo com o dirigente do PCP, o partido vem atuando também no sentido de fortalecer a batalha dos trabalhadores portugueses. “Há uma ofensiva geral contra os direitos dos trabalhadores, contra as instituições do Estado e a favor da liberalização dos serviços públicos. Estas são opções de classe, adotadas por governos nacionais num quadro de integração européia determinada pelos interesses do capital internacional”, disse.
Para ele, uma das soluções possíveis é que, nas próximas eleições para o Parlamento da União Européia, os partidos comunistas e de esquerda unam-se e intervenham por mudanças na condução política do continente. “Na nossa opinião, isso deve resultar numa declaração comum que una tais partidos e que possa confluir na criação e manutenção do grupo no âmbito do Parlamento, de maneira que seja possível apresentar uma outra visão para a construção de uma Europa não determinada pelos princípios atuais”.
Alfredo Monteiro, por sua vez, falou sobre a experiência do PCP na administração pública. Em Portugal, os municípios são chamados autarquias e são administradas pelo presidente da Câmara Municipal e não por um prefeito. Ao todo, o PCP administra 32 autarquias em todo país. “O PCP tem bastante prestígio nos municípios e em algumas regiões de maneira mais expressiva. No Alentejo, na margem sul do Tejo, a área metropolitana sul de Lisboa, há forte tradição de resistência antifascista e é onde estão as grandes indústrias nacionais. Atualmente ali são nove municípios dos quais oito têm gestão comunista”, explicou.
Segundo ele, isso é resultado tanto da história do partido quanto do envolvimento do PCP com as populações locais. “Discutimos os problemas concretos da região e temos grande preocupação com as questões sociais. Por outro lado, a política autárquica do partido sempre foi pioneira em Portugal, um país onde até poucas décadas atrás ainda tinha tudo por fazer”, finalizou.
Os dirigentes portugueses ficam no Brasil até o dia 9 de maio. Eles ainda passarão por Olinda, dia 7, onde conhecerão o seu sítio histórico da cidade e a experiência administrativa da prefeita Luciana Santos, do PCdoB. Dias 8 e 9, estarão em Recife onde deverão se encontrar com o prefeito João Paulo (PT) e dirigentes do PCdoB.