Mais de 380 pessoas morreram e cerca de 1.700 ficaram feridas na ofensiva de Israel contra Gaza, bombardeada pelo quarto dia consecutivo e de onde as milícias do Hamas seguem lançando foguetes que mataram quatro israelenses.
Mais de uma dezena de palestinos morreram desde ontem à noite na faixa palestina por novos ataques da aviação israelense na operação "Chumbo Fundido", que provocou o maior número de palestinos mortos nas últimas quatro décadas.
Segundo informou à agência Efe um porta-voz do Exército israelense, desde esta manhã já houve cerca de dez ataques a Gaza e as milícias palestinas lançaram igual número de foguetes e bombas contra o oeste do Neguev e os povoados ao norte de Gaza, que feriram um civil em Sderot, sem gravidade.
Sem cessar-fogo
Israel rejeitou nesta terça-feira qualquer trégua com o Hamas na Faixa de Gaza até que seja extinta a ameaça de foguetes provenientes dos territórios palestinos e se declarou pronto para combater os militantes islâmicos durante "semanas".
TRÊS BRASILEIROS ISOLADOS EM GAZA
"Não há lugar para um cessar-fogo", disse o ministro do Interior israelense, Meir Sheetrit, à Rádio Israel. A ofensiva aérea contra Gaza entrou no quarto dia.
"O governo está determinado a remover a ameaça de fogo (de foguete) no sul", disse o ministro. "O Exército de Israel não deve suspender a operação antes de acabar com o propósito dos palestinos, do Hamas, de continuar mandando fogo contra Israel", afirmou.
"Esse é o objetivo e deve ser atingido", acrescentou.
Primeira fase
A ofensiva militar contra o Hamas na Faixa de Gaza está na primeira fase, entre várias já decididas, afirmou nesta terça-feira o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert.
"As operações aéreas e marítimas do Exército israelense constituem a primeira fase entre várias já aprovadas pelo gabinete de segurança", disse Olmert durante uma reunião com o presidente Shimon Peres.
Mais cedo, a porta-voz militar israelense, Avital Leibovitz, afirmou que "as forças terrestres estão prontas para atuar", enquanto o vice-ministro da Defesa, Matan Vilnai, declarou que Israel está pronto "para semanas de combate".
Ataques
Desde ontem à noite, as forças israelenses abateram edifícios do Governo do Hamas, um instalação naval ao oeste da faixa, edifícios das milícias palestinas e casas de destacados milicianos, segundo informam meios de imprensa palestinos.
Entre as últimas vítimas se encontram as meninas Lama e Haja Talal Hamedan, irmãs de 4 e 11 anos que morreram em Beit Lahiya, também no norte, quando receberam o impacto de um míssil enquanto andavam em um carro puxado por um burro, disse o chefe dos serviços de emergência em Gaza, Muawia Hasanein.
Segundo a rede de televisão do Hamas, "Al-Aqsa TV", vários civis palestinos também foram mortos quando um míssil explodiu na casa do dirigente das Brigadas Al Qasam, Aiman Siyam, em Jabalia, no norte de Gaza.
Outros sete palestinos morreram esta manhã quando um F-16 lançou uma carga explosiva contra a casa do dirigente do Hamas Maher Zaqout, na mesma localidade.
A casa de Zaqout estava vazia, mas o impacto matou vários vizinhos e civis que se encontravam nos arredores.
Os mísseis israelenses também caíram sobre a estação policial de Al-Qarar, na cidade de Khan Yunes (sul de Gaza), matando um vigilante de uma escola próxima, informou Hasanein.
Os caças-bombardeiros lançaram pelo menos dez projéteis contra um complexo que reúne boa parte dos ministérios do Governo do Hamas na capital Gaza, onde os moradores quase não puderam dormir por causa das contínuas explosões.
Hamas
Apesar da dureza da ofensiva e suas conseqüências, um porta-voz do Hamas, Ismail Radwan, declarava hoje aos meios de imprensa que o grupo sairá vitorioso da ofensiva e assegurou que "a guerra no Líbano (em agosto de 2006), destruiu tudo, mas fortaleceu o poder e a popularidade da resistência (como se referiu ao Hisbolá)".
"Enquanto os ataques e massacres continuem, o apoio do Hamas crescerá porque o povo nos vê no campo lutando junto a eles", disse Radwan, assegurando que o movimento islamita "não reconhecerá Israel e não fará concessões".
Os foguetes e projéteis lançados desde Gaza provocaram, desde sábado, quatro vítimas fatais, as duas últimas ontem à noite.
Uma mulher de 39 anos morreu ao receber o impacto de um foguete Katyusha, enquanto esperava o ônibus na localidade de Ashdod, a cerca de 37 quilômetros de Gaza e um sargento israelense de 38 anos morreu e outros 5 soldados foram feridos por um foguete Qassam, em uma base militar próxima à Faixa, na região de Nahal Oz.
Eleições em fevereiro
Israel disse que a ofensiva -realizada pelo governo centrista seis semanas antes de uma eleição geral que, segundo pesquisas, devem ser vencidas pelo direitista Likud- visa parar os ataques com foguetes na fronteira, intensificados depois do fim do cessar-fogo com o Hamas, em 19 de dezembro.
Israel declarou áreas ao redor da Faixa de Gaza como "zona militar fechada", citando o risco de ataques com foguetes palestinos e ordenando a retirada de jornalistas que observavam a escalada de Forças Armadas se preparando para uma possível invasão terrestre do território.
"Você tem de ir", disse um porta-voz do Exército a uma correspondente da Reuters depois de ela exigir uma diretiva policial militar para sair.
A retirada da imprensa pode ajudar Israel a manter sigilo sobre os preparativos para uma incursão em Gaza após três dias de ataques aéreos que provocaram o caos, deixando alguns prédios em ruínas e hospitais em precárias condições.
A maioria dos moradores de Gaza permaneceu em casa, longe das janelas que poderiam se quebrar com as explosões dos ataques aos prédios do Hamas. Moradores da região sul de Israel fugiam para abrigos ao som de alarmes que avisavam a chegada de foguetes.
Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro Ehud Olmert, disse que a ação militar, lançada após o fim do cessar-fogo de seis meses, prosseguirá até que a população no sul de Israel "não viva mais sob o terror e temendo o constante disparo de foguetes".
"(A operação pode) levar muitos dias", disse o porta-voz militar Avi Benayahu.