Negociações entre governo e oposição começam nesta quinta na Bolívia


O governo do presidente Evo Morales e os prefeitos (governadores) da oposição boliviana devem se reunir na manhã desta quinta-feira na cidade de Cochabamba, centro do país, para a primeira rodada das negociações que podem colocar fim à crise política na Bolívia.

O encontro com oposição havia sido marcado para o início da noite de quarta-feira pelo presidente, mas teve que ser adiado por causa das dificuldades de deslocamento dos governadores para a cidade, segundo a Agência Boliviana de Informação (oficial).

“O poder executivo e os governadores vão se reunir para construir um diálogo para a solução dos problemas”, disse o porta-voz da presidência, Iván Canelas.

Molaes propôs que a reunião se dê a portas fechadas e sem intervalos, até que as partes cheguem a um acordo.

Devem se encontrar com representantes do governo os prefeitos dos Departamentos de Tarija, Beni, Santa Cruz e Chuquisaca.

Além deles, participam das negociações, como testemunhas, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, membros da Igreja Católica, da Unasul, da ONU e da União Européia.

Pré-acordo

A retomada do diálogo foi acertada na noite de terça-feira, quando o porta-voz da oposição, Mario Cossío, governador de Tarija, anunciou a assinatura de um pré-acordo com governo.

O documento foi assinado na cidade de Santa Cruz de la Sierra por Cossío, que estava acompanhado do governador do Departamento de Santa Cruz, Ruben Costas, e pelo bispo da Igreja Católica Julio Terrazas.

Leia também na BBC Brasil: Entenda os protestos da oposição no leste da Bolívia

Horas antes, as negociações estiveram a ponto de fracassar por causa da prisão do governador de Pando, Leopoldo Fernández, acusado de ser o mandante do massacre de pelo menos 16 pessoas na última quinta-feira.

Semana de tensões

Em uma entrevista na noite de terça, o prefeito de Tarija, Mario Cossío, disse que as partes já avançaram em alguns dos pontos mais polêmicos da discussão.

A agenda de negociações deve contemplar a discussão sobre a restituição para os Departamentos do IDH (Imposto Direto de Hidrocarbonetos) e a autonomia dos estados.

A retomada nas discussões ocorre após uma das semanas mais tensas do governo de Evo Morales, que está no poder desde janeiro de 2006.

Na última quinta-feira, 16 pessoas morreram em Pando, na fronteira com o Acre, mas este número pode chegar a trinta, segundo o governo.