Negociações da siderúrgica avançam



Uma reunião entre representantes do governo federal e do estado, da Petrobrás, da Ceara Steel, do BNB e parlamentares, entre eles o coordenadorda bancada cearense, Inácio Arruda,  deu um novo rumo às negociações.



Um novo capítulo no impasse do fornecimento de gás para o funcionamento da usina siderúrgica Ceara Steel indica que a novela pode, enfim, estar na reta final. Na tarde de ontem, investidores da siderúrgica e representantes da Petrobras estiveram reunidos com o ministro das Minas e Energia, Silas
Rondeau, além dos senadores cearenses Patrícia Saboya, Inácio Arruda e Tasso Jereissati e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ivan Bezerra, a fim de dar um rumo às negociações. Participaram também representantes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE).


Com propostas “irrecusáveis” – como definiu Arruda -, os investidores
cederam a alguns pedidos da Petrobras e mostraram-se flexíveis à negociação. Por sua vez, a estatal deve encaminhar as propostas ao seu conselho deliberativo e dar uma resposta até o final de fevereiro. O próximo encontro do grupo está agendado para 30 de janeiro, enquanto a reunião final deve ocorrer em 28 de fevereiro.


Durante o encontro, os investidores mostraram-se favoráveis à entrada da Petrobras como acionista minoritária da usina. A proposta havia sido feita pela estatal no último dia 13, em uma das reuniões com os empresários. Paralelamente, foram oferecidos subsídios à Petrobras na venda de placas de aço. A idéia é que cerca de 100 mil placas sejam vendidas anualmente com preços em torno de 60% do praticado no mercado interno. Por outro lado, o preço do gás deve ficar no valor inicialmente previsto no contrato. O metro cúbico será de R$ 2,90 para o consumo até 1,2 milhão de metros cúbicos diários. A partir desse valor, a Ceara Steel passaria a pagar R$ 4,30 por metro cúbico do combustível.


Para Arruda, o tom dado à reunião foi de uma proposta irrecusável à estatal. O senador disse ainda que a participação do ministro como mediador da reunião aponta para um resultado favorável ao Estado. “O que a gente tem que ver é que são acionistas externos e interessam ao Brasil. É muito importante para o Ceará e um investimento fundamental para o Brasil”, afirma Arruda, referindo-se à importância da manutenção da empresa no Brasil.


Para Bezerra, a Petrobras estava postergando sua decisão e aumentando o valor do gás como se quisesse que os estrangeiros deixassem o projeto.
Segundo ele, a estatal tentou cobrar R$ 7,90 pelo metro cúbico do
combustível a fim de que o investimento fosse abortado. “A Petrobras foi pressionada”, enfatiza. O secretário afirma ter chamado atenção para o descrédito gerado para o País caso as negociações fossem interrompidas. “O Brasil entraria em um descrédito internacional”, ressalta.


Bezerra afirma estar 90% confiante com a decisão da Petrobras e ressaltou o encontro do governador do Estado, Cid Gomes, com a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, na última quinta-feira. De acordo com o secretário, na ocasião foi reiterado o compromisso de campanha do presidente Lula de trazer a siderúrgica ao Estado.


 Participantes da reuniões


 Investidores da Ceara Steel


Rogério Manso, diretor de abastecimento da Petrobras


Secretário de Desenvolvimento Econômico Ivan Bezerra


Senadores Inácio Arruda, Patrícia Saboya e Tasso Jereissati


Victor Samuel da Ponte, diretor do Banco do Nordeste


Antônio Balman, do Sebrae


Propostas em discussão


– Participação da Petrobras no empreendimento, como acionista minoritária



– Investidores pagariam para a Petrobras R$ 4,30 por metro cúbico de gás a
partir de 1,2 milhão de metros cúbicos de gás consumidos (até esse limite o
valor seria R$ 2,90 acertados anteriomente)



– Fornecimento para a Petrobras, por um dos investidores, de 100 mil
toneladas de chapas de aço por ano com base no preço internacional, que é
cerca de 60% mais baixo que o brasileiro



Estabelecimento da data de 28 de fevereiro como limite para definir as
negociações. Do contrário, os investidores desistem do Brasil


 


Datas


 
30 deb janeiro – próxima reunião do grupo



28 de fevereiro de 2007 – Prazo final para a resposta da PETROBRAS