Microcrédito


Um montante de R$ 215 milhões foi emprestado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) a 225 mil beneficiários do Programa Bolsa Família, entre janeiro e maio deste ano.

Destinado a investimento em atividades produtivas, os recursos estão abrindo novas perspectivas de vida para milhares de famílias beneficiárias nos Estados do Nordeste, além de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A parceria entre o Bolsa Família, programa executado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e o microcrédito registrou um crescimento de 42% no volume de recursos e de 38% referentes ao total de beneficiários por clientes em relação ao mesmo período de 2008. No ano passado, entre os meses de janeiro e maio, foram liberados R$ 151 milhões de crédito para 163 mil pessoas/beneficiárias.

Metade da carteira de clientes do Programa Crediamigo – modalidade de crédito implantada pelo banco para atender a população de baixa renda – é composta por beneficiários do programa de transferência de renda. Além dos recursos, os clientes recebem orientação do BNB. Os valores do crédito não são contabilizados como renda familiar. A meta do banco é elevar em 70% o quantitativo de clientes do programa que sejam beneficiários do Bolsa Família até 2010. A rede de atendimento do BNB é composta por 88 unidades e postos e 414 assessores de crédito.

O Ceará apresenta o maior volume de recursos emprestados e também maior número de beneficiários que acessaram o microcrédito. Foram investidos R$ 58,8 milhões pelo BNB em atividades produtivas iniciadas por 65.925 cearenses também incluídos no Bolsa Família.

Antônia Célia de Sousa Gonçalves, de Paracuru(CE), integra esse grupo atendidos pelos dois programas no Estado. Seu marido trabalha há pouco tempo, sem carteira assinada, e ela sempre trabalhou na área de vendas de porta em porta. Durante oito anos, vendeu roupas íntimas, mas a comissão era pouca. O acesso ao microcrédito do BNB possibilitou que Antônia adquirisse mercadoria de maior valor. Como os empréstimos do banco aumentam conforme o sucesso do microempreendimento, Antônia pegou R$ 300,00, na primeira vez, e chegou a R$ 800,00, na última.

As mudanças na vida da família não se restringiram à renda. A filha mais velha terminou o ensino médio, cursa computação e começou a vender jóias recentemente, mas o trabalho ainda não gerou dividendos. A de 17 anos cursa o ensino médio e ainda tem aulas grátis de inglês e violão. Antônia Célia tem outro filho, de 10 anos. Ela diz que a vida começou a mudar graças ao Bolsa Família. “É um dinheiro que você tem todo mês”. A antiga casa ganhou piso, água encanada, torneira e chuveiro. Com o microcrédito orientado transformado em capital de giro, a cearense alcançou mais um degrau em busca de uma vida melhor.

Além do BNB, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) também está iniciando uma operação de microcrédito destinada a beneficiários do Bolsa Família. O MTE selecionou, por meio de edital, 12 instituições que trabalham com financiamento de atividades produtivas para a população de baixa renda. A ideia é realizar 20 mil operações de crédito.

As iniciativas de acesso a microcrédito para os beneficiários representam o terceiro eixo do Bolsa Família, ou seja, a articulação com diversas atividades que contribuem para a emancipação das famílias atendidas pelo programa. “Por meio da transferência de renda, o Bolsa Família combate a fome e a pobreza, ajuda a reduzir a desigualdade e reforça o acesso da população de baixa renda aos serviços de educação, saúde e assistência social”, afirma a secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Lúcia Modesto. Importante parceiro na gestão do programa, diversos municípios realizam programas complementares, como qualificação profissional e propostas de geração de trabalho e renda, que também têm o objetivo de desenvolver capacidades de sua população-alvo. Com o Índice de Gestão Descentralizada (IGD), o MDS repassa recursos que podem ser empregados nessas atividades.