O Senado brasileiro manifestou solidariedade ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que visitou ontem o Senado. Zelaya foi recepcionado pelo Senador Inácio Arruda e conduzido ao gabinete da Presidência da Casa, onde o Senador José Sarney e vários outros senadores o aguardavam.
Durante a visita, Inácio entregou a Manuel Zelaya cópia de moção de solidariedade assinada pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e subscrita pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE): “A reação da oligarquia hondurenha é fruto também da aproximação do governo do presidente Zelaya aos governos progressistas da América Latina e do ingresso de Honduras na Aliança Bolivariana para as Américas – ALBA e conseqüentemente seu distanciamento dos EUA, diminuindo ainda mais a influencia estadunidense na região”, afirma a nota. O Senador levará ainda uma proposta de declaração para que o Parlamento do Mercosul, que se reúne em Montevidéu na próxima segunda-feira, manifeste sua reprovação ao ocorrido em Honduras.
O presidente hondurenho esteve no Plenário do Senado, onde os parlamentares brasileiros expressaram sua solidariedade e pediram o restabelecimento da democracia naquele país. Em seu discurso, Zelaya destacou que a comunidade internacional tem sido solidária com o povo hondurenho e salientou o apoio recebido no Brasil, destacando o Senado e o presidente Lula.
O presidente hondurenho pediu sanções comerciais e econômicas mais fortes contra o governo golpista, especialmente do Brasil e dos Estados Unidos: “A manifestação de apoio dos senadores fala bem do Brasil e da consciência democrática do povo brasileiro. Se o Brasil e os Estados Unidos estiverem contra o golpe, os golpistas não poderão permanecer muito tempo na usurpação do poder em Honduras e se reconstruirá a democracia”, disse.
Zelaya afirmou que o povo hondurenho resiste ao golpe de estado, que foi "como uma guerra, em que se rompe o pacto social". O presidente denunciou que os golpistas já cometeram mais de dez assassinatos no país e que em Honduras estão ocorrendo violações aos direitos humanos, censura à imprensa, torturas e prisões por motivações políticas.
O Senador Inácio Arruda anunciou o apoio do Partido Comunista do Brasil à luta empreendida por Zelaya, significativa para toda a América Latina e lembrou que os brasileiros sabem o que significam golpes de estado que suprimem a democracia: “Não se trata apenas de apoiar o Presidente eleito, o que já seria suficiente, mas é ao povo de Honduras que estamos prestando solidariedade, porque sabemos do significado de uma ditadura, de um golpe militar. Essa extrema direita que está em curso em Honduras, se o exemplo dela pega, fica muito mal para todos os países da América Latina, para a nossa diplomacia, que é pela paz”, destacou.
Também em sua passagem pelo Brasil Manuel Zelaya teve um audiência com o Presidente Lula. O governo brasileiro declarou, por meio do chanceler Celso Amorim, que não há dúvidas sobre o apoio do Brasil pela volta imediata e incondicional de Zelaya ao poder.