O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu, por meio da Lei nº 11.262, 2006 o Ano Nacional Santos Dumont, o Pai da Aviação. Em outubro deste será comemorado o centenário do primeiro vôo de Santos Dumont com o 14-Bis. A também foi publicada no Diário Oficial.
Este também será como o Ano do Turismo. A Lei nº 11.260 com a determinação foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (/01) e tem como objetivo estimular a vinda de mais estrangeiros ao Brasil e incrementar o turismo doméstico.
De acordo com a Agência Brasil, o governo federal já criou uma comissão, composta por 16 ministérios e coordenada pelo Ministério da Defesa, para organizar os eventos festivos do centenário. Serão feitas réplicas do 14-Bis. Também serão doados livros infantis sobre a história do Pai da Aviação às escolas públicas e bibliotecas. Santos Dumont realizou o vôo com o 14-Bis no dia 23 de outubro de 1906, em Paris, data em que é celebrado oficialmente o Dia do Aviador.
O deputado Inácio Arruda é autor de diversos projetos de lei para marcar o Centenário do primeiro vôo do 14-Bis. A proposta de instituição de 2006 como o ano do Pai da Aviação chegou a ser aprovada na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Já foram acatados os requerimentos do parlamentar para a criação de um selo comemorativo e a realização, pelo Ministério da Educação, de um concurso de redação sobre o centenário. Para resgatar a vida e a obra de Santos Dumont, Inácio propõe ainda uma sessão solene na Câmara e uma campanha nacional de divulgação das comemorações.
Santos Dumont nasceu, no dia 20 de julho de 1873, em Minas Gerais, na fazenda Cabangu (hoje, museu histórico), no arrail de João Gomes Velho, chamada depois de Palmyra e hoje leva seu nome. Já na sua infância destacava-se pelo talento com que produzia pequenos objetos voadores, feitos de bambu e propulsão a elástico. Em 1892, aos dezenove anos, inicia em Paris estudos de Física, Química e Matemática, além de desfrutar da efusiva vida cultural lá existente. Já em 1898, após um longo período de pesquisas e estudos em balonística, eleva-se aos céus de Paris em um balão de 113 metros cúbicos, quando a tecnologia vigente condicionava o uso a um volume de 700 a 800 metros cúbicos, fator de grandes riscos de acidentes. O invólucro de seda japonesa pesava apenas 3,5kg e a rede envolvente e o cordame de sustentação apenas 1,8kg. Um padrão tecnológico bastante avançado para a época.
Nos três anos seguintes constrói seis balões, e em 1901 contorna a Torre Eiffel. O percurso total durou 29 minutos e 30 segundos, partindo do Campo de Saint Cloud e executado com precisão e destreza. A façanha valeu-lhe o prêmio Deutsche de La Meurthe. O prêmio, no valor de 125 mil francos, foi dividido por Santos Dumont entre seus mecânicos e auxiliares, cabendo uma parcela ( mil francos) ao chefe de polícia de Paris para que os trabalhadores pobres pudessem resgatar ferramentas empenhadas. Gestos de grandeza que, ao mundo, revelavam o gênio e o humanista.
Nos cinco anos que se seguiram, desenvolveu nove outros projetos, com a média de um a cada seis meses. Em 1906, o milionário Ernst Archdeacon institui a taça que leva seu nome e o prêmio de 3.000 mil francos para aquele que, com tração própria, conseguisse levantar vôo, percorrendo uma distância mínima de 25 metros, em um aparelho mais pesado que o ar. Santos Dumont trabalha, então, no projeto que o mundo, anos mais tarde, denominaria “avião”. Era o 14-Bis. O modelo concebido por Santos Dumont era inverso ao que conhecemos hoje; ou seja, as asas e o motor estavam localizados na parte traseira. As superfícies de comando foram colocadas numa caixa vazada na parte dianteira, onde era flexionada determinando assim o giro direcional da aeronave. Tal configuração foi inspirada na observação dos patos selvagens, que se utilizam da cabeça e pescoço para direcionar e estabilizar o vôo.
No dia 23 de outubro, no campo de Bagatelle, na presença de centenas de pessoas e de uma câmara cinematográfica, Santos Dumont decola, percorrendo 61 metros de distância e 8 de altura. Marca que seria superada por ele mesmo dias depois, em 12 de novembro. O brasileiro vence o desafio e inaugura uma nova era para a humanidade: o transporte aéreo surgia a partir de então como uma possibilidade concreta e não mais como um sonho. Santos Dumont anuncia sua decisão de disponibilizar os planos de seu novo invento a qualquer pessoa interessada em desenvolvê-lo.
Com informações da Radiobrás e Portal Vermelho