Liberdade de imprensa


O Brasil é o 71º mais bem colocado em termos de liberdade de imprensa em um ranking de 175 países, segundo relatório divulgado nesta terça-feira () pela organização Repórteres Sem Fronteiras.

O país teve nota 15,88, contra 18 no ano anterior, em que ficou em 82º lugar. A nota é regressiva, e a pontuação ideal é o zero.

Os Estados Unidos melhoraram significativamente na questão, graças à postura do governo do presidente americano, Barack Obama, enquanto que em Israel, com a guerra em Gaza, e, sobretudo, no Irã, com a repressão à oposição, aumentou a censura no último ano.

Segundo o relatório, a Europa se mantém como um modelo para o resto do planeta, devido à pressão que as autoridades exercem sobre os meios de comunicação, por exemplo, com leis restritivas.

A evolução dos EUA é a mais destacada na parte positiva da nova classificação, que avançou do 40º lugar para o 20º, devido, em particular, à "atitude menos belicosa" de Obama em relação à imprensa, se for comparado com seu antecessor, George W. Bush.

Apesar deste avanço, a RSF aponta que, fora de seu território, a atitude dos EUA "é preocupante" no Iraque e no Afeganistão.

Também em sua lista, a organização situa o Irã somente acima dos três piores países em matéria de liberdade de imprensa – Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia – devido à repressão imposta à oposição após o contestado pleito que reelegeu o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Israel perdeu 40 posições, e ficou em 93º lugar, pela censura militar que estabeleceu a sua própria imprensa desde o início do ano, ao calor da guerra de Gaza, onde seus soldados atacaram especificamente a imprensa palestina, deixando 20 jornalistas feridos por fogo israelense e três mortos.

Já no caso do Iraque, que após mais de seis anos de conflito subiu para um nada invejável 145º lugar (estava no 158º em 2008), os jornalista deixaram de receber ameaças de milícias e organizações terroristas, mas enfrentam a hostilidade de autoridades e políticos que proíbem seu acesso a muitos lugares.

Como é habitual, os países nórdicos europeus, junto às três repúblicas bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia), Irlanda, Holanda e Suíça, se situam nos dez primeiros postos dos Estados que não mantém práticas reprováveis em matéria de liberdade de imprensa.

Mas todos os países da União Europeia (UE) e outras democracias históricas como Austrália, Nova Zelândia, Japão ou Canadá, e agora também os EUA, não estão sozinhos no topo da lista, dado que entre eles se intercalam outros como a Jamaica (º), Gana (º), Trinidad e Tobago (º), Uruguai (º), Costa Rica (º), Mali (º), África do Sul (º), Namíbia (º) ou Chile (º).

A RSF adverte ainda sobre situações pouco exemplares na UE, em particular na Bulgária, que caiu para a posição de número 68 (nove a menos que em 2008), Romênia (º) ou Itália (º), onde há denúncias de "pressões" e de "intervencionismo exacerbado" do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.

A organização também alerta sobre a deterioração das condições do exercício da profissão jornalística na Eslováquia (que caiu para o 45º lugar), devido a uma nova legislação que introduziu "a perigosa noção de direito automático de réplica" e aumenta a influência do ministro da Cultura sobre as publicações.

A situação também é ruim na Rússia, que caiu 12 posições, para a 153ª, devido aos assassinatos e agressões a jornalistas.