O Senador Inácio Arruda fez durante a tarde de quarta-feira () seu primeiro discurso como Senador pelo PCdoB do Estado do Ceará. Em seu pronunciamento, Inácio sublinhou que ao longo de sua carreira política – um mandato estadual na Assembléia Legislativa estadual e três mandatos federais na Câmara dos Deputados – procurou colocar no Ceará e no Nordeste a ênfase do interesse público voltado para o desenvolvimento. No Senado, seu propósito será aprofundar essa opção: “O que o País precisa é o desenvolvimento das suas regiões, beneficiando suas populações com obras estruturantes, do porte da Transnordestina, da integração da bacia do Rio São Francisco com as bacias dos rios do Nordeste Setentrional e do aporte de novas universidades como centros de excelência, todos indutores do desenvolvimento no interior”, afirmou.
Eleito por quase dois milhões de votos dos cearenses, Inácio chamou a atenção para a necessidade de se investir em uma política nacional de desenvolvimento regional que leve em conta o desenvolvimento desigual dos estados da Federação: “O estado do Ceará apresenta suas particularidades. Pertence a uma região inserida no semi-árido, mas está sobre um subsolo cristalino, tornando nossa realidade muito mais inóspita. Quem vive nessa região tem que conhecê-la e explicitá-la para o Brasil”, explicou Inácio.
Inácio afirmou que pretende ajudar o governo federal a destravar e desconcentrar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O Senador creditou o mandato recém-conquistado a uma bem-sucedida política de unidade e ao esforço de uma ampla conjunção das forças políticas, que trabalharam no sentido de conferir um segundo mandato ao presidente Lula. No Ceará, essa coligação elegeu o governador Cid Gomes — com uma votação que superou um milhão de votos de vantagem sobre o segundo colocado — e o vice-governador Francisco Pinheiro.
O Senador também fez um comparativo entre o momento atual, em que o PcdoB regressa ao Senado, com a época em que fez sua estréia na Câmara Alta, com o então Senador Luiz Carlos Prestes: “O País vivia naquele momento uma redemocratização marcada pela tensão internacional bipolar do confronto entre os campos de influência geopolítica dos Estados Unidos e da União Soviética”, rememorou Inácio.
A celebridade de Prestes remontava ao movimento tenentista nos anos 20, em particular pelo seu destacado papel de comando na chamada “Coluna Prestes”, ação política que se tornou legendária para milhões de brasileiros. Cerca de 1.500 jovens militares em média ao longo da jornada, percorreram 25 mil quilômetros pregando a revolução contra as oligarquias que travavam o desenvolvimento do País. “Com o final da 2a Guerra Mundial, o Partido Comunista conquistava, em novembro de 1945, a legalidade e, disputando as eleições no mês seguinte, conquistava 8,6% dos votos nacionais, elegendo um senador e uma bancada de 14 deputados federais”, relembrou.
O Senador destacou que o perfil econômico do Brasil nos dias de hoje, privilegia a produção industrial nas áreas urbanas e a agricultura irrigada no campo. Ao mesmo tempo, é conhecida a realidade das maiores cidades brasileiras, onde a miséria ainda se desenvolve ao lado do crescimento da violência, como ocorre no Rio de Janeiro. Para Inácio, há grandes desafios e preocupações que permanecem, requerendo a persistência dos brasileiros na defesa da soberania e desenvolvimento do País, diante da necessidade de profundas transformações estruturais: “Esse é o desafio atual do nosso programa de aceleração do crescimento – o resgate do nosso atraso secular. Podemos superar esses obstáculos com o esforço unido, independente de filiação partidária, por meio de um modelo de desenvolvimento voltado para o crescimento da economia, a afirmação da soberania nacional, a valorização do trabalho e a distribuição de renda”, afirmou.
Durante o pronunciamento de Inácio, vários senadores se dirigiram ao plenário do Senado para ressaltar a trajetória e manifestar as boas-vindas ao Senador do PcdoB: Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Gilvan Borges (PMDB-AP), Mão Santa (PMDB-PI), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Expedito Júnior (PR-RO), Augusto Botelho (PT-RR), Eduardo Suplicy (PT-SP), Aloísio Mercadante (PT-SP), José Nery (PSOL-PA) e Patrícia Saboya (PSB-CE).
O Senador ponderou que o momento atual é extremamente significativo para o PCdoB, porque o partido, agora representado no Senado, realiza a ponte entre os pontos fortes e pontos fracos do passado e a construção do presente: “Prestes foi uma liderança política histórica e sucedê-lo, mesmo que em uma situação política completamente diferente da situação do seu tempo, é uma grande responsabilidade, pois são grandiosas as tarefas que temos pela frente”, finalizou.