Inácio destaca importância da Teia 2010


Começou ontem  (.03), no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, a quarta edição do projeto Teia Digital 2010, reunindo uma série de manifestações culturais de diversas regiões e de várias linguagens, revelando a multiplicidade da cultura brasileira.

Em pronunciamento no plenário do Senado Federal, o senador Inácio Arruda falou sobre a importância do evento, que promove a ligação de milhares de centros de cultura no Brasil. “São pequenas atividades em larga quantidade que mostram a ótima qualidade da atividade cultural brasileira”, ressaltou Inácio.

“É o Brasil buscando transformar a atividade cultural não em normatividade de meia dúzia de premiados com obras inacessíveis à maioria do povo, nem em grandes eventos cinematográficos a que a população tem acesso limitado. A teia trabalha com a maioria esmagadora da população, milhões de brasileiros que cantam, dançam e mantém viva a atividade cultural dos nossos estados”, disse o senador.

A Teia Digital é uma promoção do Ministério da Cultura em associação com secretarias estaduais e municipais de cultura, com os movimentos sociais e organizações não-governamentais (ONGs). O evento conta também com a parceria do governo do Ceará, através do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Por ocasião da Teia Digital, acontece também o Fórum Nacional de Pontos de Cultura, com seminários, painéis, debates, exposições e apresentações artísticas, para consolidar a teia como um espaço político e cultural das instituições conveniadas e discutir a gestão compartilhada do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, segundo o Ministério da Cultura. 

Íntegra do pronunciamento:

No Ceará, esse evento coincide com a presença do Ministro da Cultura, Juca Ferreira; com a participação direta e ativa do Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Francisco Auto Filho; e com a participação do Instituto da Cidade, uma ONG que trabalha com a atividade cultural de formação e de discussão das cidades no nosso Estado, no Ceará.

Essas instituições, juntamente com o Centro Dragão do Mar, vão realizar a IV Teia. A Teia ganhou esse nome por que comporta a ideia da ligação de milhares de centros de cultura no Brasil. São as pequenas atividades culturais em larga quantidade. E é dessa quantidade que sai a ótima qualidade da atividade cultural brasileira.

A IV Teia acontece de 25 março a 31 de março, em Fortaleza, e será aberta, Sr. Presidente, com a coroação das rainhas dos catorze maracatus cearenses. Será aberta com esse som, com o batuque do maracatu, com sua batida forte, que era a batida dos negros, dos tambores. Hoje, são os tambores digitais que ligam as Teias, que ligam os pontos e formam a Teia. Antes, eram tambores em couro, e havia os sinais de fumaça com que as tribos nativas no Brasil, na América do Sul, no nosso continente, na África, na Europa, na Ásia, em todos os lugares, realizavam sua comunicação. Hoje, tudo isso é feito de forma digital.

Eu não poderia, Sr. Presidente, deixar de registrar esse evento especialíssimo, porque é o Brasil buscando transformar a atividade cultural não numa atividade de meia dúzia de premiados, com grandes atividades no teatro, inacessíveis para a maioria do povo brasileiro, ou com grandes eventos cinematográficos, também produzidos muitas vezes com acesso limitado da população, ou com grandes shows artísticos musicais.

Pelo contrário, a Teia e os Pontos de Cultura trabalham com a maioria esmagadora da população, porque são milhões de brasileiros que cantam, que dançam, que mantêm viva a atividade cultural das nossas regiões, dos nossos Estados. No Ceará, há a dança de coco, a dança dos pescadores, a dança dos vaqueiros, as bandas de pífanos. No Nordeste, há o maracatu, do Ceará; o boi, do Maranhão; a atividade cultural do interior do Piauí dos vaqueiros, dos boiadeiros; a atividade de Pernambuco, com o frevo; a dança de roda da Bahia. Isso se espalha pelo Brasil inteiro, com inúmeras manifestações culturais, umas originárias da presença portuguesa, outras originárias da presença africana, grande parte com influência das tribos nativas. Para se ter uma ideia, a grande nação tupinambá mantinha-se unida com várias tribos, falando uma única língua, do Amapá até Buenos Aires, e influenciou e influencia até hoje a formação cultural do nosso povo.

Ressalto ainda a presença dos imigrantes espanhóis, alemães e ingleses – que, na grande fome europeia, se socorreram do nosso Brasil e se transformaram em colonos – e a dos japoneses, dos coreanos, dos chineses. O mundo asiático está presente no nosso País, influenciando a atividade cultural aberta da nossa Nação.
Sr. Presidente, saliento o que está fazendo o Ministério da Cultura, em associação com as Secretarias de Cultura e, sobretudo, com o movimento social. Essa atividade cultural das Teias é, sobretudo, um movimento social, e dela participam organizações não-governamentais, milhares delas, de gente honrada, de gente honesta e de gente que quer ver o Brasil aprofundando o caminho do seu desenvolvimento. Só assim, essas instituições do povo podem ter acesso aos meios, aos recursos destinados à cultura.

Sr. Presidente, ao encerrar meu pronunciamento, quero registrar o apreço que temos pelas lideranças que ocuparam o Ministério da Cultura nesse período do Governo Lula. Primeiro, cito Gilberto Gil, um mestre da música e do conhecimento da atividade cultural brasileira. Lembro-me de que Gilberto Gil foi ao Ceará, passou em Nova Olinda, onde foi premiado com um sapato vermelho produzido pelo mestre Seu Expedito, que trabalha com couro. Seu Expedito Celeiro e sua família trabalham com couro desde os tempos de Lampião.

Ao lado, há uma Casa de Cultura, uma casa popular, conhecida no Brasil inteiro, uma fazenda antiga, com seu casarão, que foi transformada em Centro de Atividade Cultural, onde crianças e jovens aprendem a fazer peão, peteca e arraia, brincando no meio do tempo, naquela cidade pequena do Estado do Ceará. No Cariri, Gilberto Gil se encontrou com esse povo, com os tocadores de pífano, rolou com eles por ali, percebendo o que era a arte e a cultura popular. Quero prestar minha homenagem a esse extraordinário Ministro da Cultura, que deixou no Ministério outra figura extraordinária: Juca Ferreira. Este também conduz com grande habilidade o Ministério da Cultura, levando-o a alcançar uma reivindicação de Gilberto Gil: que pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB) seja destinado para a atividade cultural em nosso País. Esse objetivo vai sendo alcançado e alargado.

Quero, então, homenagear estes dois Ministros, Gilberto Gil e Juca Ferreira, pelo trabalho extraordinário dos Pontos de Cultura, recepcionando o que há de melhor no meio do povo, no meio do povo mais simples, que, às vezes, sem nunca ter ido a uma escola de música, forma uma bandinha no interior do País ou num bairro popular da periferia das grandes cidades brasileiras. Apoiar essa gente é alargar a capacitação do povo brasileiro na área artística e cultural. Essa atividade vai se transformando também em uma grande atividade econômica. Oferecer oportunidade à juventude e às crianças de praticarem a arte, o teatro, a música e a dança é, muitas vezes, transformá-las em craques do progresso, não deixando que se viciem no crack da demência e da desgraça, que é a droga que se espalha pelo Brasil inteiro. Oferecer cultura e arte, ensinar nosso povo, dar a ele oportunidade, tudo isso está sendo feito pelo Ministério da Cultura.

Por isso, Sr. Presidente, quero registrar essa grande realização, no nosso Estado, do IV Encontro da Teia – Tambores Digitais, que será aberto amanhã e que vai até o dia 31 de março, mostrando a cara do Brasil por meio da arte e da cultura popular.

Muito obrigado, Sr. Presidente.