A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) desperdiçou a chance de abrir caminhos para por fim a greve dos bancários. Após três dias de negociação, os banqueiros não apresentaram proposta digna aos trabalhadores e levaram os bancários de São Paulo, Osasco e região ao 14º dia greve, nesta terça-feira (). Serão intensificadas as paralisações na região central da capital paulista.
"A greve dos bancários ficará mais forte em reposta aos banqueiros que ficam enrolando na mesa de negociação. Os trabalhadores querem chegar a um acordo por meio de uma proposta que corresponda às expectativas da categoria", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Nas negociações da véspera, os banqueiros acenaram com a possibilidade de apresentar uma nova proposta, mas retrocederam e marcaram uma nova rodada para as 18 horas desta terça-feira, impossibilitando a realização da assembléia que aconteceria às 19 horas. Desta forma, os banqueiros jogaram fora mais uma vez a chance de os trabalhadores apreciarem algum resultado da negociação.
Ao mesmo tempo em que negociava com os trabalhadores, a Fenaban oficiou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) denunciando que os bancários permanecem em greve e solicitando ao desembargador que incluísse a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Federação dos Bancários (Fetec-CUT) no dissídio de greve.
Os bancários do Paraná decidiram no final desta tarde, em assembléia, continuar a greve. Eles tomaram essa decisão porque até o final da assembléia os banqueiros não tinham feito nenhuma proposta nova em São Paulo.
Ontem, das 369 agências de Curitiba e região, 154 fecharam, sendo 53 do Banco do Brasil, 46 da Caixa e 55 de bancos privados, conforme informações do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. Além das agências, 12 centros administrativos – quatro do Banco do Brasil, quatro do HSBC, três da Caixa e um do Bradesco – também ficaram fechados.
Na semana passada, o sindicato do estado conseguiu reverter o interdito proibitório que o banco Bradesco havia conseguido na Justiça para manter suas agências abertas. Agora, somente os bancos Itaú e Santander de Curitiba mantêm-se operando com o interdito. A mesma vitória foi obtida pelos bancários de Sergipe contra o Banco do estado (Banese).
Irresponsabilidade
"A ausência de proposta nessa segunda, quando a Fenaban havia se comprometido a fazer alguma proposição para a mesa, dá a entender que os banqueiros querem levar a Campanha Nacional dos Bancários para o tribunal, o que seria uma absurda irresponsabilidade", afirma o presidente do sindicato paulista, Luiz Cláudio Marcolino, destacando que a federação dos bancos agiu de forma traiçoeira.
"Ao contrário do que os banqueiros estão dizendo, as negociações estão acontecendo, os bancários se organizaram para atender a população, tudo conforme acordado no TRT. Levar a campanha para o tribunal quebra uma relação de mais de uma década de decisões retiradas das mesas de negociação", ressalta Marcolino. "Essa decisão pode custar caro no futuro, já que os bancários podem não confiar mais na negociação estabelecida com a Federação dos Bancos", completa Marcolino.
A primeira proposta da Fenaban era de reajuste de 7,5%, o que representaria 0,3% de aumento real. Já os bancários queriam 13,23% de reajuste e 5%, de aumento real. A segunda proposta oferecida pela Fenaban na última sexta-feira era de 9% de aumento para quem ganha até R$ 1.500, para a gratificação dos caixas e para a parcela fixa e o teto da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR).
Os trabalhadores reivindicam aumento no valor do vale-refeição (de R$ 14,72 para R$ 17,50) e no piso (de R$ 1.287,73 para R$ 2.074).Os caixas-eletrônicos, as lotéricas e as agências dos Correios fazem alguns atendimentos bancários e são opção para o usuário até que a greve termine.