Governo e oposição celebram avanços e perdas


O governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, conseguiu maioria ampla nas eleições regionais para governadores e prefeitos de todo o país, conquistando alguns estados e municípios nas mãos da oposição, que por sua parte celebrou a vitória em cinco estados e a retomada da prefeitura de Caracas.

Após mais de oito horas do encerramento das eleições, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou as tendências definitivas da maioria dos estados, ficando pendentes os resultados de Carabobo e Táchira, onde a oposição espera ter vencido.

O resultado provisório mostra que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) foi o mais votado do país e conquistou três estados nos quais ex-chavistas haviam passado à oposição, mas em contrapartida perdeu Miranda, próximo à capital e onde venceu Henrique Capriles Radonsky com 52,56% e a prefeitura metropolitana de Caracas para Antonio Ledezma, que obteve 52,45%.

Os opositores mantiveram um estado crucial, Zulia, rico em petróleo e cuja capital, Maracaibo, é a segunda cidade do país. A disputa nessa localidade tinha um caráter singular, pois governava até o momento o opositor Manuel Rosales, que perdeu em 2006 as eleições presidenciais para Chávez.

O que o presidente definiu como uma eleição crucial, na qual estava em jogo seu projeto político, deixa segundo estas apurações provisórias um resultado misto, porque ambas forças em embate há dez anos têm motivos para celebrar, mas também para lamentar. As principais perdas da oposição foram Aragua, Guárico e Sucre.

A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, celebrou as eleições que aconteceram com normalidade. Foram registradas 106 prisões e o grande momento de tensão se deu ao fim das votações, quando ainda havia filas de eleitores à espera para votar.

A oposição pediu então o encerramento imediato das eleições afirmando que o governo mantinha abertas as urnas apenas para mobilizar seus simpatizantes para que votassem, mas o PSUV e o governo alegaram respeitarem à norma que estabelece que os colégios eleitorais devem permanecer abertos se há cidadãos esperando para exercer seu direito.
Dos dois estados cujos resultados são incertos, Carabobo é o mais importante, por ser um distrito rico e onde a oposição é especialmente forte.

Dirigentes de oposição pediram a proclamação da vitória de seus candidatos em Carabobo e Táchiras, mas o PSUV aceitou que havia neles um "empate técnico" e anunciou que esperará o pronunciamento oficial do CNE.

A oposição não conseguiu o município estratégico da zona metropolitana, Libertador, onde venceu o candidato chavista, Jorge Rodríguez, com 53,05%, e nem o estado de Barinas, terra-natal do presidente Chávez e cujo candidato, seu irmão Adán, venceu com 49,63%.

Após os primeiros resultados, os candidatos vencedores fizeram declarações amenas, em tom conciliador, convidando os adversários a um trabalho conjunto e prometendo não fazer partidarismo durante o exercício dos cargos conquistados.

Alberto Muller Rojas, vice-presidente do PSUV, cumprimentou os vencedores da prefeitura metropolitana de Caracas e do estado de Miranda, mas enfatizou que seu partido é o mais votado em escala nacional e que isso representa uma expressão de apoio ao projeto socialista do presidente Chávez.

O ex-candidato presidencial Rosales celebrou a vitória da oposição em Zulia, acusando o governo de ter tentado "destruir" o estado.