Gritando palavras de ordem, estudantes de diversas escolas públicas de Fortaleza realizaram, ontem à tarde, uma manifestação na Praça do Ferreira. Eles demonstraram insatisfação com a lei, proposta pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que restringe a meia-cultural.
Reunidos inicialmente na Praça da Bandeira, os estudantes fizeram uma passeata pelas ruas do Centro até chegarem ao tradicional Cine São Luís, na Praça do Ferreira, onde concentraram os protestos.
A reclamação dos estudantes é referente ao projeto de lei que propõe restringir a venda de ingressos de meia-entrada (cinemas, shows, teatros e outros eventos culturais), estabelecendo uma cota de 40% do total disponível para o público.
Organização
Rudinei Sousa, vice-presidente regional Ceará da União Nacional dos Estudantes (UNE), responsável pela coordenação do protesto, revela: “Nós fomos a diversas escolas, e mobilizamos os alunos a participarem desse movimento. É uma forma de conscientizá-los do problema. Nosso protesto é um ato de repúdio a essa lei”.
Totalmente contra o sistema de cotas que está sendo proposto, Arnaldo Lucio, presidente da Associação Metropolitana dos Estudantes de Caucaia, explica que “essa lei está limitando os nossos direitos. Lutamos durante muitos anos para ter acesso aos bens culturais, e a meia-entrada é nosso direito. Queremos uma fiscalização de combate às fraudes com as carteiras, inclusive temos projetos para isso, mas restringir um direito nosso, não podem fazer”.
O estudante do Colégio Liceu de Messejana, Patrese Alves, 17 anos, revela que quando soube que estavam querendo estabelecer cotas no cinema, achou um absurdo. “Assim que me contaram sobre essa manifestação, eu decidi vir e participar. Nossos professores inclusive nem deram falta para quem decidiu acompanhar a manifestação”, afirma.
Já a aluna Aline Castro, 16 anos, da Escola Municipal Almerinda de Albuquerque, conta que saiu da aula direto para o protesto. “Eu saí do colégio direto pra cá. É bom nos reunir-mos e demonstrarmos a nossa insatisfação. Querem tirar um direito que já é nosso. Não tem porque mudar isso”, relata a estudante da escola pública.
Política
Participando também do protesto, esteve o deputado federal Chico Lopes (PC do B-CE), que fez questão de ressaltar a relevância da meia-cultural. “É de fundamental importância que todos os estudantes brasileiros tenham acesso aos aparelhos culturais. Isso faz parte da formação intelectual da pessoa. Essa lei não pode ir à frente”, ressalta.
O projeto de lei foi aprovado no último dia 26, em primeira discussão, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Contudo, o senador Inácio Arruda (PC do B) apresentou voto em separado retirando do texto o percentual de restrição. Com isso, deverá ocorrer ainda uma votação em segundo turno na comissão do Senado.