Exército de Honduras aumenta repressão na fronteira com a Nicarágua


O Exército ampliou a repressão no acesso à fronteira entre Honduras e a Nicarágua. Até mesmo a equipe da Cruz Vermelha, que traz comida, médicos e remédio para a região, enfrenta dificuldades para ultrapassar as barreiras militares.

Voluntários de Honduras, que também se deslocam para a região com água e comida, não passam pelos bloqueios. Os militares alegam que a movimentação deles está proibida por causa do toque de recolher, que se estende por mais de dois dias na região fronteiriça.

De acordo com o tenente-coronel Ayala, que controla um dos bloqueios mais rigorosos, a 50 quilômetros da fronteira (local onde a mulher do presidente deposto Manuel Zelaya está retida), existe a possibilidade de confronto entre os simpatizantes do presidente deposto e moradores da cidade de El Paraiso, favoráveis ao golpe de Estado. “Existe preocupação. Não sabemos exatamente o que pode acontecer lá”, admitiu.

Neste domingo, a reportagem da EBC ultrapassou 15 barreiras policiais, reforçadas pelo Exército, no caminho entre a capital Tegucigalpa e a fronteira.

Os moradores da fronteira, que apoiam o presidente de facto, Roberto Micheletti, organizam-se aos poucos para reagir às manifestações favoráveis a Zelaya.

Uma assembleia de dirigentes do movimento que defende o retorno do presidente deposto decidiu na tarde de hojeque a mobilização na fronteira vai prosseguir por tempo indeterminado. Zelaya coordena as ações contra o golpe da cidade nicaraguanse de Ocotal, a 30 quilômetros da fronteira. A comunidade internacional criticou a presença de Zelaya na região.

O presidente deposto disse à EBC que falou por telefone, ontem (), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa, segundo Zelaya, Lula disse que articula novas estratégias para terminar com a crise, acreditando ainda numa saída diplomática. “Conversamos sobre a necessidade de forçar sanções não apenas contra os mentores intelectuais do golpe, que já são todos conhecidos, mas também contra os responsáveis materiais”, disse Zelaya.

Em Tegulcigalpa, apesar do toque de recolher entre meia-noite e 6h da manha, o clima é de tranquilidade. Não hã registros de violência nas últimas horas.