A poucos dias do início das Olimpíadas de Pequim, a delegação brasileira na China procura destacar os números da participação do país nos Jogos e evita falar em medalhas.
Antes mesmo do começo das competições, o chefe da missão brasileira em Pequim, Marcus Vinícius Freire, e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, defendem a tese de que a participação do Brasil na Olimpíada "já é um sucesso".
O argumento é o tamanho recorde da delegação brasileira na China: 469 integrantes, sendo 277 atletas de 32 diferentes modalidades. Em Atenas, em 2004, o Brasil foi representado por 247 atletas.
"Todo desempenho é um registro bom", afirmou Nuzman nesta segunda-feira. "Superamos todos os recorde em número de atletas, modalidades esportivas, performances individuais. O Brasil já mostrou ao mundo isso."
"Se fala muito em legado", acrescentou o presidente do COB. "Nós temos 277 atletas. A Espanha, que organizou uma Olimpíada há 16 anos, tem 290. Em 24 de agosto, vocês vão ver onde chegaremos."
Medalhas
Quando o assunto é expectativa de medalhas, no entanto, Nuzman e Marcus Vinícius adotam o discurso de que os resultados são "imprevisíveis".
Apesar da cautela, o chefe da missão brasileira, que ganhou medalha de prata em 1984 com a seleção de vôlei masculino, diz apostar na "superação" dos atletas.
"Depois de quatro anos de preparação dura, nossos atletas estão em boa forma", afirmou. "Espero que se superem."
"Depois de 8 de agosto, quando os Jogos começarem, espero que possamos ter também a delegação mais vitoriosa da história olímpica do Brasil", acrescentou Marcus Vinícius.
Em meio às palavras cuidadosas dos representantes do COB, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, preferiu adotar um tom menos cauteloso e foi o único a esboçar um objetivo mais claro para a delegação brasileira.
"Superar o resultado de Atenas é uma boa meta", afirmou o ministro. Na Olimpíada de 2004, o Brasil conquistou dez medalhas (cinco de ouro, duas de prata e três de bronze) e ficou em 16º lugar no quadro geral de medalhas.
Recentemente, o ministro sugeriu que a destinação de mais recursos públicos para esportes olímpicos está ligada a um bom desempenho dos atletas brasileiros em grandes eventos esportivos. Na ocasião, Orlando Silva afirmou que não faz sentido haver um financiamento público regular para o esporte "se não existir comprometimento com resultados".