A negociação final em torno da usina siderúrgica do Ceará (Ceara Steel) foi adiada. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ivan Bezerra, a reunião entre investidores e representantes da Petrobras e do Governo do Estado que aconteceria hoje, em Brasília, está marcada para amanhã. A segunda e decisiva reunião com o ministro Silas Rondeau, e que contará também com a presença de políticos cearenses, acontecerá só no dia 1º de março.
“Estou achando que houve alguma mudança de ordem política e a decisão será favorável”, comenta Bezerra. Para ele, a Petrobras deverá aceitar a opção de adquirir chapas de aço por um preço menor em troca do fornecimento do gás por um preço aceitável pelos investidores. A alternativa que os investidores oferecem é vender 100 mil toneladas de chapas de aço por ano a um preço 40% menor que o de mercado.
O senador Inácio Arruda (PCdoB) disse que na quinta-feira passada quando a bancada de seu partido foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ele aproveitou para lembrar da importância da siderúrgica para o Ceará e o presidente reafirmou seu compromisso. “Ele garantiu que se as tratativas comerciais não derem certo ele vai honrar a palavra dele e o compromisso do governo”, disse Inácio, acrescentando que Lula destacou que já tinha falado com o governador Cid Gomes e publicamente em Crateús, em janeiro deste ano quando esteve lá para inauguar uma usina de biodiesel, que a usina siderúrgica será implantada no Ceará.
Arruda entende que a Petrobras não colocará o presidente Lula numa saia justa inviabilizando um projeto que ele já se comprometeu publicamente, por diversas vezes, a apoiar. “Seria uma deselegância. Por isso acho que, mesmo que haja algum inconveniente, ele será sanado”.
O líder do governo na Assembléia Legislativa, Nelson Martins, também está otimista e acredita que haverá entendimento entre as empresas. “Pelas propostas que já foram apresentadas pelo Governo do Estado e investidores a Petrobras não pode alegar prejuízo com o preço do gás natural para negar o fornecimento do produto que viabiliza o empreendimento no Estado”, afirma.
Observa que já foram apresentadas três opções para resolver o problema do preço do gás que a Petrobras quer aumentar para Ceara Steel. A primeira alternativa é a participação acionária da estatal no empreendimento. A segunda seria o empréstimo às empresas que formam a Ceara Steel com a cobrança de uma taxa de juros mais alta para compensar uma possível perda no preço do gás. A terceira seria a compra de chapas de aço da usina por um preço abaixo do de mercado internacional.
“Pode ser que até as três opções sejam acertadas para compensar o que a Petrobras alega ser o preço justo”, afirma o deputado. Considera que, além disso, tem esperança numa solução favorável ao empreendimento por causa do compromisso do presidente Lula. De acordo com ele, o Ceará já investiu R$ 600 milhões para trazer a siderúrgica, considerando incentivos à Petrobras (renúncia fiscal) e infra-estrutura.
Amanhã, dia 28, chegaria ao fim o prazo dado pelo consórcio da Ceara Steel, formado pelas italiana Danieli, a sul-coreana Dongkuk e a brasileira Companhia Vale do Rio Doce, para que seja resolvido o impasse do fornecimento de gás natural pela Petrobras. Além da movimentação da bancada cearense no Congresso, a Assembléia Legislativa também pretende pressionar politicamente o Governo federal por uma posição. Uma reunião da Comissão Especial Suprapartidária em Defesa da Siderúrgica irá à Brasília.