A Comissão de Infraestrutura do Senado (CI) promoveu nesta segunda-feira () o primeiro painel do seminário "Desafios Estratégicos Setoriais", com o tema "Apresentação do Desafio”.
Participaram da reunião como convidados o professor Glauco Antonio Truzzi Arbix, coordenador executivo do Observatório da Inovação e Competitividade, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e o professor Julio Sergio Gomes de Almeida, da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Este foi oprimeiro painel do seminário, que teve como tema "Apresentação do Desafio".
Glauco Arbix defendeu a necessidade de o Brasil adotar já decisões que garantam sua participação na economia do futuro. Ele afirmou que o país vive o desafio de inserir-se no que denominou a economia do desenvolvimento, que está baseada em campos como a informática e a biotecnologia. A seu ver, para alcançar esse objetivo, o Brasil precisa realizar importantes avanços na qualidade de sua educação básica e dar um salto em seu sistema de tecnologia e inovação.
Ele argumentou não ser possível construir-se um país pensando-se apenas no curto prazo, sendo necessário que as decisões estratégicas estejam embasadas em medidas que tenham longevidade. Arbix ressaltou que a economia do futuro depende de equipamentos sofisticados, pesquisas científicas e mão de obra qualificada.
Na opinião do professor da USP, para atender a essas necessidades, o Brasil precisa ampliar sua capacidade de manufatura avançada, realizar elevados investimentos e ampliar a produtividade de seu trabalho. Glauco Arbix observa que essas medidas passam pela diminuição das desigualdades sociais, pela eliminação da pobreza e pela melhoria da qualidade de vida da população. Somente dessa maneira, diz, o país vai conseguir dar o salto que necessita para poder competir em termos de igualdade com os outros países que buscam, igualmente, participar desse mercado internacional de tecnologia avançada.
O outro participante do painel, o professor Julio Sergio Gomes de Almeida, defendeu a implantação de uma política agressiva na área das exportações, como forma de o Brasil conseguir os recursos para realizar os investimentos em inovação e tecnologia. Para Gomes de Almeida, a legislação brasileira na área de ciência e tecnologia não fica devendo nada aos países mais desenvolvidos. Ele lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) garante financiamento para o desenvolvimento de produtos e tecnologia a juros próximos a zero ou mesmo zero. Contudo, falta que esses recursos cheguem às micro e pequenas empresas que, nos países desenvolvidos, são o segmento que mais atua na inovação.
O Senador Inácio Arruda destacou três desafios para alavancar o desenvolvimento brasileiro: a construção de um consenso político em torno das metas a serem atingidas, a necessidade de investimentos em ciência e tecnologia e a massificação do ensino básico de qualidade: “Não basta incluir os investimentos em infraestrutura e tecnologia no orçamento, é preciso evitar o contingenciamento desses recursos, incluindo o dos fundos setoriais, fundamentais para o financiamento das ações nessas áreas”, observou.
Ele ressaltou ainda a importância de se efetuar um debate sobre a questão do pré-sal, que vai trazer novos elementos para a exploração petrolífera: “Será essencial um debate sobre a regulamentação da partilha dos recursos vindos da exploração do pré-sal, ou seja, como se dará uma divisão eficiente dos direitos sobre essa exploração”, defendeu.
Na próxima segunda-feira () o painel "Infraestrutura e retomada do crescimento: visões gerais", dará prosseguimento ao seminário. Estão sendo previstas as participações do economista José Marcio Camargo, ex-consultor do Banco Mundial; Ralph Lima Terra, vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base; e Eduardo de Freitas Teixeira, diretor da empresa Creta Planejamento.