Assange entrevista líder do Hezbolá para TV Russa


“Terrorista” para milhares de pessoas e “combatente pela liberdade” para outras. No primeiro programa do projeto televisivo “O mundo do amanhã”, o fundador do site Wikileaks, Julian Assange, entrevistou, nesta terça-feira (17), o líder do movimento político radical Hezbolá, Say%u0435d Hasan Nasralá. Para a agência de notícias France Presse, a iniciativa é uma “aliança ‘explosiva’ [entre Assange e a TV Russa] para enfrentar a imprensa ocidental”.
 

O projeto contará com 10 capítulos nos quais Assange conversará com “ícones visionários e especialistas de poder”. Assange admitiu que espera ser tratado como um "combatente inimigo, traidor, que dorme na cama do Kremlin e conduz entrevistas com terríveis (militantes) radicais", segundo o site da RT.

O programa foi gravado na Inglaterra, onde Assange é mantido em prisão domiciliar à espera de uma decisão sobre sua extradição à Suécia, país que o requer para interrogá-lo por quatro supostos crimes sexuais.

Nasralá, que está em um esconderijo secreto no Líbano, lutou em muitos conflitos armados contra Israel e agora está envolvido na luta internacional em favor da Síria, concedeu à RT, emissora russa multilingue lançada em 2005, em inglês, árabe e espanhol, a primeira entrevista para o Ocidente desde o conflito entre o Estado hebreu e o Líbano de 2006.

Israel, “assassino” e “usurpador”

A razão original pela qual se estabeleceu o Hezbolá foi “libertar sua terra da ocupação”. “Israel é um país ilegal, estabelecido a partir da ocupação de terras de outro povo, de usurpá-las, de controlá-las pela força, de cometer matanças contra os palestinos que foram expulsos”, proclama Nasralá, sugerindo que, por essa razão, “a jutiça mantém seu caráter unilateral”.

Vitória aos olhos do Hezbolá

No entanto, em tempos de guerra, o líder do Hezbolá afirma que o movimento não busca, nem quer matar ninguém, nem tratar ninguém de maneira injusta. “Desejamos que a justiça seja restaurada e o único remédio é criar um Estado, um país no território da Palestina onde vivam em paz e em democracia os mulçumanos, os judeus e os cristãos”.

Israel ataca, Hezbolá responde

Israel declarou em várias ocasiões que o Hezbolá lança mísseis contra áreas civis do Estado hebreu. Justificando o fato, Nasralá insiste que “sempre dissemos que se eles não atacassem nossas cidades e nossos povos, também não atacaríamos as suas. Hezbolá recorreu a este método frente a muitos anos de ataques a civis libaneses com o simples objetivo de evitar que Israel continuasse matando civis libaneses”.

Síria, em busca do diálogo

Nasralá confessou a Julian Assange que Hezbolá se colocou em contato com alguns partidos da oposição síria, mas eles rechaçaram o diálogo. “Na Síria, o que pedimos é negociar, é o diálogo ou levar a cabo diversas reformas”. Porque a alternativa atual a isto é empurrar o país para a guerra civil que precisamente é o que querem os EUA e Israel”, sublinha o líder do movimento.

Por outro lado, afirma que o problema está no fato de que “a oposição não está preparada para o diálogo e não está pronta para aceitar nenhuma das reformas, tudo o que quer é derrubar o regime”.

Medo estadunidense

Após o Hezbolá ter criado uma rede midiática internacional, os EUA está bloqueando em seu território a emissão de sua estação de televisão por satélite, Al-Manar. Segundo Nasralá, a única coisa que pretende a administração estadunidense é tachar a organização de “terrorista”. “Nos acusam, mas sequer temos o direito básico de nos defendermos e apresentar nossos argumentos às pessoas do mundo, não deixam que esta voz os alcance”, afirma.

“A questão de resistir à hegemonia estadunidense ou opor-se à ocupação é uma questão moral e instintiva e também humana. Quando em um país ou inclusive em uma casa há dois líderes, isso é algo que conduz à ruína. Assim, como poderia o universo existir em uma maravilhosa harmonia com mais de um deus?”, conclui o líder do Hamás.

Hezbolá, amigo da corrupção?

Segundo as informações do WikiLeaks que provém da embaixada dos EUA no Líbano, entre alguns membros do Hezbolá, que conduzem potentes veículos 4×4 e vestem trajes de seda, existe um grande nível de corrupção. No entanto, Nasralá nega categoricamente tal informação, tachando-a de “a guerra midiática, cujo objetivo é desacreditar o Hezbolá e distorcer sua imagem”.

O Hezbolá é uma organização islâmica, fundada no Líbano em 1982 como resposta à intervenção israelense. Vários países, entre os quais se encontram EUA, Austrália, Canadá, Israel, Países Baixos, Reino Unido e Egito taxam oficialmente o Hezbolá de uma “organização terrorista”. Pelo contrário, os governos do mundo árabe consideram a organização um movimento de resistência legítimo.

 

Fonte: RT com informações da Folha.com

Tradução: Da Redação do Vermelho,

Vanessa Silva