A Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) declarou, nesta quinta-feira (31), que o equipamento declarado pelo governo sírio para a produção, mistura e armazenamento de armas químicas foi destruído, um dia antes do prazo estabelecido.
O diretor-geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas, Ahmet Uzumcu, disse que o governo da Síria tem cooperado decisivamente com o processo de destruição do seu arsenal.
Os inspetores da Opaq foram enviados à Síria após acusações de que as forças do governo tinham usado armas químicas em áreas civis, em eventos que vitimaram centenas de pessoas.
O governo, entretanto, nega as acusações veementemente, atribuídas aos grupos armados que atuam no país, uma vez que tem se mostrado comprometido tanto com as inspeções internacionais quanto com a busca por uma solução política ao conflito armado em geral.
Alguns setores da mídia e potências ocidentais, por outro lado, alegam que o governo apenas permitiu as inspeções, que ainda estão em curso, após a difusão e escalada das ameaças de intervenção militar, lideradas pelos Estados Unidos, pela França e pelo Reino Unido.
Entretanto, as declarações do presidente Bashar Al-Assad e de outras autoridades sírias em prol do comprometimento político são comprovadamente anteriores, assim como o convite feito aos peritos da ONU, para a averiguação das denúncias de uso de armas químicas, feitas também pelo governo contra os paramilitares.
Arsenal químico
O equipamento para a produção e armazenamento de armas químicas foi eliminado, de acordo com a Opaq, através da cooperação decisiva do governo sírio, e o país comprometeu-se com a destruição do arsenal, propriamente dito, até meados de 2014.
O estoque é estimado em 1.000 toneladas de gás sarin (um agente nervoso), o agente mostarda e outros produtos, armazenados em diversos locais, já documentados pelo governo, em uma lista entregue à ONU.
“Nós observamos todas as atividades de destruição pessoalmente”, disse o chefe das operações da Opaq no terreno, Jerry Smith, à emissora britânica BBC.
Conforme o acordado pelo governo sírio, através da iniciativa da Rússia de negociar um compromisso com os EUA e no Conselho de Segurança, a Síria abre mão, assim, da sua capacidade de produção de armas químicas.
Em uma declaração, a Opaq informou que sua equipe inspecionou 21 dos 23 locais de armazenamento de armas químicas, e que os outros dois são muito perigosos para a visita, mas seus equipamentos foram transferidos para os outros locais.
Smith disse que verificar a destruição das capacidades de produção de armas químicas na Síria tem sido um trabalho “particularmente desafiador”, porque teve que ser feito em meio ao conflito armado, com um prazo apertado.
A organização e o governo sírio agora têm mais duas semanas para elaborarem um cronograma para a destruição do estoque de armas químicas armazenado.
O processo continuará a ser complicado, uma vez que a violência ainda é disseminada pelo país, sobretudo com a recusa da oposição em participar das negociações internacionais, com as quais o governo já se comprometeu decisivamente.
Fonte: Portal Vermelho