Inspirada a partir de uma nova conjuntura política, em que o nacionalismo guiava os rumos do Brasil, assim nasceu a Petrobras, que nesta quinta-feira (3) completa 60 anos, nos quais acumulou conquistas e desafios e se consolidou como uma líder mundial em tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas.
Joanne Mota, do Portal Vermelho com agências
A brasileira nasceu no dia 3 de outubro de 1953, quand o então presidente Getúlio Vargas assinou a Lei 2.004 que criou a Petrobras. Na época, Getúlio afirmou que “é com satisfação e orgulho patriótico que hoje sancionei o texto de lei aprovada pelo Poder Legislativo, que constitui novo marco da nossa independência econômica”.
Com a criação da Petrobras, o governo Vargas soube investir na matéria-prima da nascente indústria: o petróleo. Produto funadamental para o fomento da industrialização do Brasil, que já ensaiava seus primeiros com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). É bom lembrar que o mundo vivia o pós-guerra e o setor industrial tornou-se a motivação de muitos governos, de modo que a Petrobras é fruto desse sentimento, uma política de Estado, que alçou estratégicos voos e conquistou o mundo.
Instituído o monopólio estatal de exploração de petróleo, a Petrobras passou a jogar um papel decisivo na história do Brasil. Junto com sua estrutura, a Petrobras leva também o desenvolvimento para os rincões do país. Estava plantada a semente de um símbolo nacional.
Em artigo publicado no Vermelho, Haroldo Lima (foto abaixo), ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, lembrou que a Estatal nasce da luta pela defesa do petróleo nacional, que foi encabeçada pelo movimento popular e ficou conhecida como a campanha “O Petróleo é nosso!”, iniciada em 1946.
Acervo da Fundação Maurício Grabois
Ofensiva da oposição
Mesmo com uma saúde de causar inveja a Petrobras é atacada diariamente pela oposição. Ao longo de 2013 – e com certeza nesta semana de comemoração – a oposição, representada pelos jornalões, difundem manchetes aterrorizantes e falam de uma Petrobras com índices assustadores de queda em seu lucro líquido e no valor de mercado da empresa.
Em entrevista à imprensa, a presidenta Graça Foster destacou alguns números acumulados pela Estatal no último ano. No que se refere ao quesito tecnologia e segurança, serão investidos na Petrobras R$ 21,2 bilhões no período de 2013 a 2017, sendo que destes R$ 4 bilhões.
Em 2013, a empresa foi eleita a melhor no setor “Combustíveis, Óleo e Gás”. A alta no lucro líquido no 1º semestre de 2013 subiu 77%, atingindo R$ 13,894 bilhões. Ainda em 2013, a brasileira foi selecionada para a lista que reúne as 500 maiores companhias do mundo por faturamento e alcançou o 25º lugar, com receitas de US$ 144 bilhões e lucro de US$ 11 bilhões. É importante dizer que entre as brasileiras, a Petrobras ocupa o 1º lugar.
Outro ganho que precisa ser lembrado é que, também em 2013, a Estatal bateu recorde de produção no pré-sal, com 322 mil e 100 barris de petróleo por dia (bpd). O volume foi 11 mil barris por dia, maior que o recorde anterior, alcançado em 17 de abril, quando a produção atingiu a marca de 311 mil e 500 bpd.
Somando a esses resultados, a Estatal anunciou, nesta quinta-feira (3), que a brasileira tem como meta dobrar a atual produção de petróleo até 2020, chegando a 4,2 milhões de barris por dia (bpd). Só em 2013, nove plataformas, com capacidade de produção somada de 1 milhão de bpd, serão entregues à Petrobras. A empresa tem contratadas 28 sondas de perfuração marítimas para águas ultra profundas. Esses equipamentos estão sendo, pela primeira vez, construídos no Brasil, e começarão a ser entregues em 2015. Para transportar o petróleo até a costa, 49 navios de transporte foram encomendados, cinco deles já entregues.
É interessante destacar que a Petrobras é dona da maior carteira de investimentos da indústria petrolífera mundial para os próximos cinco anos, com cifras que alcançam a marca de US$ 236,7 bilhões no período de 2013 a 2017. Ao todo, são mais de 900 projetos em carteira nos próximos cinco anos. Tudo isso para que a Estatal duplique a produção até 2020, alcançando 4,2 milhões de barris de petróleo/dia. Mais que o dobro dos cerca de 2 milhões de barris/dia produzidos atualmente. Para tanto, a maior parte do volume de investimentos tem endereço certo: Exploração & Produção (E&P). A área responderá por US$ 147,5 bilhões do total previsto até 2017.
Petrobrax: para não esquecermos
A história mostra que ao longo da trajetória da Petrobras um momento causou muita comoção no país. Em 1995, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foram dados os primeiros passos que levaram à quebra do monopólio estatal no setor de petróleo. Em maio daquele ano, a Comissão Especial do Petróleo da Câmara Federal aprovou o texto para flexibilizar o monopólio. A emenda constitucional só foi aprovada, em segundo turno, no dia 20 de junho.
No entanto, de acordo com informações do CPDOC, em agosto de 1997, a Lei 9.478 foi promulgada, após a garantia dada pelo presidente do Senado, José Sarney, de que a Petrobras não seria privatizada. Essa lei reafirmava o monopólio da União sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras.
Em 2000, o governo tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax. O argumento utilizado foi que o novo nome se adequaria melhor ao crescimento da estatal no mercado internacional. A reação política, no entanto, foi forte o suficiente para que Fernando Henrique abandonasse a proposta.
Acervo da Fundação Maurício Grabois