A grande maioria dos sírios foi morta em ataques com armas convencionais, como canhões e morteiros, com as crianças compondo uma grande parcela das vítimas, afirmou nesta segunda-feira (16) o grupo de trabalho da ONU que investiga a situação dos direitos humanos na Síria. Os membros do grupo pediram a suspensão do envio de armas ao país.
À direita o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Internacional de Inquérito sobre a Síria, ao apresentar o relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ao seu lado os demais integrantes do painel.
Enquanto os combates continuam, os civis são os que mais precisam suportar seu peso. Nesse contexto, o relatório da comissão da ONU afirma ter observado que os civis continuam a enfrentar diariamente bombardeios indiscriminados pelas forças do governo, enquanto grupos extremistas antigovernamentais mantêm frequentemente como alvo a população civil, em ataques principalmente nas províncias do norte.
Um outro relatório da ONU, sobre o uso de armas químicas, foi tornado público nesta segunda-feira (16). Segundo o documento, há “provas claras e convincentes” de que gás sarin foi usado em 21 de agosto na área de Ghouta, nos arredores da capital Damasco, mas ainda não há informações sobre os responsáveis.
Pinheiro, que preside a Comissão composta também por Karen AbuZayd, Carla del Ponte e Vitit Muntarbhorn, disse que a grande maioria das vítimas dos conflitos foi morta pelo uso de armas convencionais, como canhões e morteiros.
As munições “cluster”, ou de fragmentação (armas compostas por uma caixa que se abre no ar e espalha inúmeras sub-munições explosivas ou ‘sub-bombas’ sobre uma ampla área), continuam a ser usadas em áreas civis, principalmente na província de Idlib, disse Pinheiro. Grupos armados antigoverno e as forças governamentais também lançaram ataques contra o pessoal médico e os hospitais, afirmou a Comissão.
No dia 16 de agosto, combatentes da oposição ao presidente Assad atacaram uma ambulância curda do Crescente Vermelho em Alepo, matando o motorista, um paciente e um paramédico.
A Síria tornou-se um lugar cada vez mais perigoso para os jornalistas, disse Pinheiro, observando um “padrão perturbador de perseguição, prisão e detenção” de jornalistas, especialmente estrangeiros. Nas últimas seis semanas, relatos de jornalistas sequestrados por grupos extremistas armados antigovernamentais foram recebidos.
O chefe da Comissão também observou um “aumento em crimes e abusos” no norte da Síria cometidos por grupos extremistas armados antigovernamentais, juntamente com um fluxo de combatentes estrangeiros.
Centenas de civis curdos no norte de Alepo, Al Raqqah e Al Hasakah foram feitos reféns por grupos extremistas armados antigovernamentais para a trocas de prisioneiros, segundo Pinheiro.
Em sua declaração, ele também destacou a deterioração das condições humanitárias, em particular nas áreas curdas da Síria, e do impacto das hostilidades sobre os direitos socioeconômicos dos sírios.
Estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2011, a Comissão tem o mandato de investigar e registrar todas as violações da lei internacional dos direitos humanos durante o conflito na Síria.
A Comissão divulgará nesta quarta-feira (18) o relatório com base em 258 entrevistas e outras evidências coletadas durante o período de dois meses, entre 15 de maio e 15 de julho de 2013.
Fonte: Portal Vermelho com informações da ONU