O espaço tem 13 metros de comprimento por 6,5 de largura e possui um palquinho fixo
Para tanto, o diretor convenceu sua esposa a se mudarem para o andar de cima e transformarem a própria casa em sede. “No começo, foi difícil, mas depois fomos negociando e deu certo. Individualizamos bem nossa casa, separamos as chaves dos portões e pronto”, completa ele.
Estrutura
As paredes negras, típicas dos teatros, no EPA são cinzentas. Nem sempre é possível custear a mão de tinta, principalmente quando se tem outras prioridades. “Agora estamos trabalhando para climatizar esse espaço. Sabemos que, refrigerado, devem caber até 70 pessoas, mas por enquanto chegamos a 40, 45 pessoas, a quantidade possível para um espetáculo de uma hora ou uma hora e meia, por que é muito quente, não tem circulação de ar”, explica o diretor.
O espaço tem 13 metros de comprimento por 6,5 de largura. Possui um palquinho fixo, de 4 metros por 4, e uma boa aparelhagem, se comparada a outras sedes: oito canhões de luz, cinco caixas de som… “Manter esses equipamentos é o que nos dá mais trabalho, cabo de microfone rapidinho quebra; as luzes também precisam de manutenção e isso é uma coisa que, invariavelmente, sai do nosso bolso por falta de financiamento”, revela.
Raimundo Moreira acredita que, “talvez, se os governos resolvessem investir mais nas pequenas sedes, fosse algo muito mais eficiente”
Ao falar sobre isso, o diretor se refere às três principais vias de financiamento: pública, privada e coletiva. A pública são os editais de manutenção, sempre poucos e em valor muito reduzido – protestam os artistas. Já a privada, parece inacessível, já que as empresas não se dispõem a financiar grupos; acaba lhes restando apostar na terceira, a magra bilheteria dos ingressos e as “vaquinhas” com os atores.
Num espaço como o do Prisma, em que cabem 40 pessoas, suponhamos que ele consiga lotar a casa em um dia de espetáculo. E cobre um valor de R$3, já que a comunidade não se dispõe a pagar muito. Lucra-se, portanto, R$120. “São seis atores na companhia e dois colaboradores. Se dividirmos, não dá nem R$20 pra cada. Fora energia, água e luz”, aponta Raimundo.
“Tanto a administração passada quanto a atual parecem ter uma visão muito exagerada de centros culturais. Imagina daqui a 10 anos, o que serão os Cucas? Como não será complicado manter uma estrutura tão grande como aquela? Talvez, se os governos resolvessem investir mais nas pequenas sedes, que já atuam como centros culturais, fosse algo muito mais eficiente”, opina o diretor. (MA)