Dos panos e linhas para óleo em tela


 

Exposição em agosto inspirada nos bordados de Nice Firmeza arrecada recursos para o Mini Museu Firmeza

Ontem restavam apenas cinco telas disponíveis. Nesse passo, até o dia 13, quando acontece a abertura da exposição “Os riscos do bordado”, no Museu do Ceará, provavelmente todas terão sido vendidas.


No topo da página, um dos bordados de Nice; acima, telas de Stênio Burgos, que integram a exposição “Os riscos do bordado”. Das vinte telas, 15 já foram vendidas, por R$ 1,5 mil cada Foto: Marília Camelo (19/04/2013)/ Divulgação

A ideia partiu do autor das obras, o artista cearense Stênio Burgos, juntamente com sua esposa Arminda Cardoso, sua marchand Olga Paiva e o pesquisador Gilmar de Carvalho. A mostra reúne 20 telas em óleo inspiradas nos bordados de Nice Firmeza, esposa do artista Estrigas (Nilo de Brito Firmeza), falecida em abril deste ano.

Todas foram disponibilizadas para venda, a R$ 1,5 mil cada, valor que pode ser pago em até três vezes. O montante arrecadado será integralmente revertido para o Mini-Museu Firmeza, em Mondubim, criado por Estrigas e Nice.

“Acho que vão ser vendidas logo, porque é um preço excepcional para uma obra de Stênio”, comemora Olga. “São telas pequenas, por meio delas sentimos a presença, o trabalho de Nice. São de uma delicadeza e perfeição técnica espetaculares”, elogia a marchand.

Ideia

Além de contribuir para a formatação do evento, Gilmar de Carvalho também assinou o texto de apresentação da exposição. O pesquisador era um dos que Nice chama de “filho, pela longeva e afetuosa relação que mantinham.

Todas as telas de “Os riscos do bordado” foram produzidas exclusivamente para a ocasião, entre junho e julho deste ano. Foi por meio de Olga que Stênio conheceu Nice. Eventualmente, o grupo tornou-se próximo e estabeleceu laços fortes de amizade. Tanto que a ideia da exposição para arrecadar recursos já havia sido executada antes, no mesmo formato.

Em 2006, Stênio passou vários dias no sítio de Estrigas e Nice no Mondubim, pintando os jardins da artista plástica. Posteriormente, as telas renderam a exposição “Floração – Os Jardins da Nice por Stênio Burgos”, também no Museu do Ceará. As obras foram vendidas e o dinheiro, destinado ao Mini-Museu.

Floração

Foi por meio dessas e outras experiências que, em algum momento, Stênio percebeu a forte influência dos bordados de Nice em seus trabalhos. “Passei dois anos na Holanda, onde mantenho ateliê, desenvolvendo uma série sobre os buquês do século XVII. Estava lá quando Nice ´subiu´. Quando soube, dediquei alguns a ela”, recorda Stênio.

Segundo o artista, os buquês agrupavam toda a floração de um ano inteiro. A partir de pesquisas, o artista desenvolveu uma série na qual pintava as flores de cada mês. “Quando voltei ao Brasil, a cada novo trabalho levava para Estrigas ver”, recorda Stênio Burgos.

Prado

No caso das obras da atual exposição, o pintor conta que foram feitas no Ceará, em seu ateliê em Amontada. “Todas baseadas na floração, no que Nice chamava ´rios do prado´”, lembra Stênio.

“Quando terminei, dei as telas para o Estrigas. Reunidos eu, ele, Olga e Gilmar, chegamos à conclusão que o melhor para o Museu era vender as peças e reverter o dinheiro”.

Trajetória

Maria de Castro Firmeza foi uma das primeiras mulheres a ingressar na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), criada em 1941 pelos artistas Antônio Bandeira, Raimundo Cela e Aldemir Martins. Também ensinou arte para crianças no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno. Por mais de 50 anos foi casada com Estrigas, com quem dividia o amor à arte.

Graças ao conhecimento teórico, Nice elevou o bordado à categoria de arte, não se limitando a copiar formas e desenhos. “Era muito criativa, ela mesma inventava os pontos de bordado”, elogia Olga.

A artista cearense também dedicou-se à pintura, destacando-se na arte Naif, estilo marcado pela simplicidade.

Mais informações

Exposição “Os riscos do bordado”. Abertura dia 13 de agosto, às 18h, no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51, Centro). Peças à venda:
R$ 1,5 mil (valor pode ser parcelado em três vezes).
Contato: (85) 3101.2609

Fonte: Diário do Nordeste
,