Nesse período, com exceção do último trimestre, a taxa de desemprego cresceu constantemente (hoje em 16,4%) e a economia portuguesa diminuiu de tamanho por 30 meses consecutivos. Além da da crise econômica nos últimos anos, o aumento do volume de doações tem a ver com o aumento da solidariedade da população e das redes de ajuda humanitária.
Entre 2008 e 2012, o número de instituições apoiadas pelos bancos de alimentos de Portugal passou de 1.528 para 2.218. Só na região metropolitana de Lisboa, 385 instituições abastecidas pelo Banco Alimentar distribuem por dia 42 toneladas de alimentos a 90 mil pessoas.
A coleta e redistribuição de alimentos envolve grandes empresas, pequenos comerciantes, consumidores de diferentes estratos sociais e trabalho voluntário. “O grosso das doações vem da industria agroalimentar”, informa Ana Vara, da Comissão de Distribuição do Banco Alimentar de Lisboa. Dessas empresas, os bancos alimentares recebem produtos que não foram vendidos por razões não ligadas à falta de qualidade para consumo (erro de rotulagem, por exemplo).
Os bancos alimentares recebem os estoques que o Ministério da Agricultura não deixa ser vendidos para assegurar a remuneração mínima dos produtores agrícolas. Dos mercados abastecedores (atacadistas), chegam diariamente frutos e legumes não comprados pelo comércio varejista. Das redes de supermercado, recebem produtos não adquiridos nas promoções ou próximos do vencimento da data de validade. E diretamente dos consumidores, os bancos alimentares ganham doações arrecadadas durante as campanhas que fazem duas vezes por ano.
“Está tudo em boa condição e 90% disso seriam jogados fora porque não há espaço na sociedade de consumo”, estima Ana Vara. Segundo ela, a atuação dos bancos alimentares “controla o desperdício” e conscientiza a população em torno de valores como “dádiva” e “partilha”. “Podemos viver de maneira diferente se sabemos que há alguma pessoa passando necessidade”, assinala a representante do Banco Alimentar de Lisboa.
Fonte: Agência Brasil