Entenda a luta histórica da entidade em torno do recurso para a garantia do desenvolvimento nacional.
Desde a sua fundação, a União Nacional dos Estudantes (UNE) defende o patrimônio territorial e econômico do Brasil. Nos anos 1950, a entidade foi protagonista de uma das movimentações mais importantes para o país, lembrada até os dias de hoje como a campanha “O Petróleo é Nosso”. Naquele período, que foi de 1947 até 1953, a UNE se uniu à parte da sociedade brasileira, ao lado de artistas e parlamentares, que era contra àqueles cujo objetivo era entregar o petróleo nas mãos de empresas privadas e estrangeiras.
Essa campanha, vitoriosa, definiu o patrimônio estatal do petróleo e a criação da Petrobrás. Ela mudou definitivamente os rumos do Brasil. Passados 60 anos, é essa mesma entidade que debate hoje as riquezas dos royalties do petróleo e o Fundo Social do Pré-sal para a educação.
A descoberta da camada de Pré-sal, em 2009, abriu um novo período de desenvolvimento brasileiro. Assim como o “Petróleo é nosso”, o Pré-sal voltou com o sonho de vislumbrar uma indústria nacional forte, voltada aos povo brasileiro.
Nesse período, a UNE convocou o seu 12º Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB), reunindo milhares de Diretórios e Centros Acadêmicos em Salvador, na Bahia, e foi pioneira ao aprovar uma ampla campanha nacional em defesa dos 50% do fundo social do Pré-sal para a educação pública.
“A UNE, desde então, defende que essa riqueza natural precisa ser canalizada para a educação. O Brasil, que é a 5ª economia do mundo e a 88ª educação de qualidade no mundo, precisa estar convencido em investir na educação pública, gratuita e de qualidade para erradicar o analfabetismo, para ter soberania científica e tecnológica. As nossas riquezas naturais podem, na nossa opinião, levar o Brasil a mudanças ainda mais profundas, ainda mais significativas na vida e no dia a dia das pessoas, do nosso povo, da nossa juventude brasileira”, explicou Vic Barros, presidenta da entidade.
Mas por que 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do pré-sal para a educação?
A UNE defende a aprovação da Medida Provisória 592/12, que segue hoje em tramitação no Senado, após a vitória histórica na madrugada de quarta-feira (26/06) Câmara dos Deputados. A medida prevê a destinação dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do pré-sal para a educação pública. Ela foi encaminhada pelo governo, a fim de garantir a fonte dos recursos para o cumprimento da meta de 10% do PIB. Para o movimento estudantil, essa é a forma de reverter a injustiça histórica de não utilizar as riquezas naturais do país em prol do desenvolvimento humano daqueles que mais precisam.
Por que 10% do PIB para a educação?
É a maior reivindicação dos estudantes brasileiros, nos últimos anos. A luta, que existe desde a Conferência Nacional de Educação, em 2010, gira atualmente em torno da meta 22 do Plano Nacional de Educação, que está em tramitação no Congresso. A expectativa é que seja aprovado ainda em 2013.
E o Plano Nacional de Educação?
O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma grande oportunidade de conquistar políticas que superem a dívida histórica do Brasil, democratizando radicalmente o acesso à educação pública, gratuita e de qualidade. Enviado ao Congresso Nacional pelo Poder Executivo em dezembro de 2010, o Projeto de Lei nº 8035/2010 ainda não foi aprovado e está, atualmente, nas mãos do Senado. Um dos principais entraves para sua aprovação é, exatamente, a parte do texto que explicita o valor do PIB a ser destinado para a educação.
O que é PIB?
O produto interno bruto (PIB) representa a soma em valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, quer sejam países, estados ou cidades, durante um período determinado. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. De acordo com dados divulgados pelo IBGE em 1 de março de 2013, o PIB brasileiro de 2012 cresceu 0,9% e atingiu R$ 4,403 trilhões.
E Pré-sal?
A camada Pré-sal é um gigantesco reservatório de petróleo e gás natural, localizado nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Estas reservas estão localizadas abaixo da camada de sal e podem ter até 2 km de espessura. Estas reservas se formaram há, aproximadamente, 100 milhões de anos a partir da decomposição de materiais orgânicos. Os técnicos da Petrobras ainda não conseguiram estimar a quantidade total de petróleo e gás natural contidos na camada pré-sal. No Campo de Tupi, por exemplo, a estimativa é de que as reservas são de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo.
Royalties?
Os royalties pagos ao governo são relativos à extração de recursos naturais minerais, como minérios metálicos ou fósseis, como carvão mineral, petróleo e gás natural dentro do território nacional. Hoje, existe um projeto de lei que discute exatamente a partilha dos royalties do petróleo no país. A proposta enviada pela presidenta Dilma Rousseff destina exclusivamente para a educação as receitas provenientes dos royalties.
Fonte: Portal da UNE