Inácio ressalta luta de Carlos Marighella


 

O Senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) afirmou segunda-feira, 8, que o ex-deputado comunista, Carlos Marighella, “foi um destacado defensor da democracia, lutador dos direitos do povo, especialmente na Constituição de 1946, sendo cotidianamente afrontado pelos parlamentares mais reacionários, cuja limitada compreensão de democracia a reduzia a um sistema para garantir os privilégios conservadores e manter o povo afastado da política”. A afirmação foi feita durante pronunciamento na sessão solene do Senado em homenagem ao revolucionário baiano, assassinado pela ditadura militar, pela passagem dos 100 anos de seu nascimento.

 

O parlamentar cearense considera que “está viva a luta de Marighella, lá da Constituinte até hoje, porque a democracia, nos termos de livre expressão do pensamento no Brasil, é conduzida por menos de meia dúzia de famílias, que diz o que é a verdade, o que é a moral e como deve se conduzir a sociedade brasileira. E muitos, no Parlamento brasileiro, defendem a manutenção desse tipo de privilégio. Pensar em alterar esse sistema é quase cláusula pétrea do conservadorismo brasileiro”.

 

Segundo Inácio, “Marighella lutou na legalidade e na clandestinidade pela ampliação da democracia, abarcando todo o povo; pelo fim do arbítrio, das prerrogativas de classe dos setores dominantes, pela igualdade entre todos os cidadãos. Dentro de seu partido – o Partido Comunista do Brasil e, depois de 1961, o Partido Comunista Brasileiro – foi sempre um campeão na luta por mudanças radicais, revolucionárias e patrióticas. Depois do golpe militar de 1964, combateu com denodo a ferocidade sanguinária da direita. Escolheu o caminho que lhe pareceu mais adequado, aderindo à luta armada e dirigindo uma das organizações mais destacadas na luta contra a ditadura, a Ação Libertadora Nacional. Pagou essa ousadia com sua vida”.

 

O jornalista Mário Magalhães, autor de Marighella, o Guerreiro que Incendiou o Mundo, foi citado pelo senador Inácio. Segundo o jornalista, “Marighella, goste-se ou não dele, não é um personagem que morreu no passado, é um personagem absolutamente atual. O Brasil está começando a conhecer Marighella, mas enquanto a história dele não for contada nos livros escolares, nos manuais de história, ele vai continuar sendo um maldito. Eu não advogo que os livros de história, nas escolas, propagandeiem o Marighella; nem defendo que sejam libelos contrários a ele, mas não contar a história do Marighella seria desonestidade intelectual. E é o que se faz hoje, desonestidade intelectual”.

 

Inácio também citou depoimento do filho de Marighella, Carlos Augusto, que afirmou: A despeito de viver uma vida extremamente atribulada, meu pai era uma pessoa muito alegre, muito bem humorada. Era um pai muito amigo, muito brincalhão, um pai que gostava de correr e nadar comigo na praia e também de corrigir as provas da escola. Nós morávamos em um apartamento pequeninho, mas coberto de livros. Ele queria que eu lesse Jorge Amado e também comprava Júlio Verne e tudo o mais, uma leitura selecionada. Lembro-me que ele me deu um livro de Caryl Chessman, que era um homem condenado à morte nos Estados Unidos. E hoje existe um movimento mundial com essa causa do Mariguella que, na cadeia, começou a escrever livros sobre esse prisioneiro americano e fazer uma reflexão sobre a vida e o judiciário americanos, pois meu pai me deu esses livros porque ele participava de uma campanha, pois queria incentivar as pessoas a abolir a pena de morte no mundo e queria me conquistar para isso.”

 

 

Líder do PCdoB no Senado, Inácio ressaltou: “Marighella é um desses filhos que se somam a tantos que lutaram e deram a vida para estruturar o nosso País e, nas horas mais duras da nacionalidade, da constituição do Brasil, foram os seus filhos mais simples, mais humildes que levantaram a voz e muitos, com armas em punho, permitiram que existisse o Brasil. Ou não foi assim no 2 de julho? Ou não foi assim em Pernambuco? Ou não foi assim com a Inconfidência, a chamada Inconfidência ou a Confidência para os brasileiros? Ou não foi assim na luta travada pela República, pelo movimento em defesa da industrialização do Brasil, dos tenentes, da caminhada de Prestes e de tantos outros homens que lutaram e deram a sua vida para que nós pudéssemos também gritar hoje, aqui neste Congresso Nacional, para que voltasse a ter uma bancada de comunistas, de socialistas, de homens do povo, de democratas, para que pudesse ter um operário governando o País?”

 

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