O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apresentou, dia 3, nota de solidariedade do Senado brasileiro ao presidente da Bolívia, Evo Morales, “que teve sua vida colocada em risco pela atitude absolutamente inexplicável da Espanha, de Portugal, da Itália e da França, que anunciaram problemas técnicos para impedir o pouso do avião presidencial. É algo absolutamente inaceitável que ocorra nos dias de hoje”.
O parlamentar cearense considera “que o plenário do Senado não pode se omitir em relação a esse episódio. Foi negado ao presidente da Bolívia que ele pudesse pousar, numa parada previamente estabelecida, em Lisboa. Negado esse pedido, foi solicitado pousar na Espanha, foi negado. Foi negado que ele sobrevoasse o espaço aéreo da França e negado pouso na Itália. É algo perigoso. Tão perigoso que ele teve que fazer um pouso de emergência em Viena”.
O avião do presidente teve que fazer um pouso de emergência, porque senão o avião cairia, por falta de combustível. “Todos esses países ofereceram uma desculpa sem sustentação, de que se tratava de razões técnicas”, explicou Inácio. “Então, por razões técnicas, podiam deixar o avião do presidente cair? Algo absolutamente absurdo, inaceitável e que merece um posicionamento nosso, inevitavelmente. O Senado não pode se omitir”.
Para o senador, é “algo vexatório nações com a tradição de Portugal, de Espanha, Itália e a França se submeterem a um papel desse tipo. Porque a mídia internacional anuncia que se suspeita, ou havia a suspeita, de que Evo pudesse estar conduzindo Edward Snowden, o foragido americano que vazou informações da agência de inteligência americana, denunciando que os Estados Unidos, através das suas agências, e usando instrumentos como Facebook, Twitter, Google e outros, vigiam milhões de pessoas no mundo: na Europa, na América do Sul e em todo lugar do mundo. E, particularmente, no seu próprio País”.
Ele lembrou que “não é uma questão político-ideológica; não se pode aceitar que um presidente, primeiro mandatário da nação, seja submetido a esse terrorismo internacional. Porque isso é um ato de terror internacional contra um mandatário legitimamente eleito, respaldado pelo seu povo e colocado como alvo de uma agressão”.
A proposta do senador cearense foi apoiada, de imediato, pelos senadores Ana Amélia (PP-RS), Anibal Diniz (PT-AC), Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Waldemir Moka (PMDB-MS) eWellington Dias (PT-PI).
Segue a íntegra da nota apresentada pelo parlamentar cearense:
Nota de solidariedade do Senado da República Federativa do Brasil ao presidente da Bolívia, Evo Morales
O Senado Nacional brasileiro se solidariza com o presidente da Bolívia, Juan Evo Morales Ayma, vítima da decisão absurda de Portugal, Itália, França e Espanha, que impediu o sobrevoo de seus territórios e pouso do avião presidencial boliviano, ontem, 2 de julho. O presidente Evo Morales teve que realizar um pouso de emergência na Áustria, devido a essa atitude absolutamente inaceitável desses governos europeus.
Segundo o chanceler boliviano, David Choquehuanca, a proibição teria sido resultado de pressões do governo dos Estados Unidos que temia, sem fundamento, a presença, no avião boliviano, do ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA), Edward Snowden.
País-irmão do Brasil, a Bolívia e seu povo contam com a solidariedade dos brasileiros e do nosso Senado. Cabe lembrar que o avião presidencial, assim como as embaixadas, são considerados territórios nacionais de seus respectivos países. Este incidente perpetrado contra o presidente boliviano Evo Morales atinge a toda a América Latina e deve ser condenado por todos os povos que lutam pela sua soberania.