Um festival em movimento


Com as inscrições encerradas em março, o Cine Ceará começa a delinear a sua 22ª edição
 
 
Com um recorte que inclui filmes da América Latina, Caribe, Portugal e Espanha, o Cine Ceará recebeu este ano inscrições de 15 países para sua mostra competitiva de longas-metragens. A 22ª edição do festival será realizada novamente no Theatro José de Alencar, de 1 a 8 de junho, sob o tema "Lutas Sociais na América Latina". Assim como no ano passado, o Festival terá uma sub-sede no interior do Estado, desta vez em Sobral, com mostra paralela a de Fortaleza, de dois a nove do mês. Os homenageados deste ano com o Troféu Eusélio Oliveira são o ator Marco Nanini, a produtora de cinema Lucy Barreto e o reitor da UFC, Jesualdo Farias.
 
 
Inscrições encerradas em março passado, o festival contabilizou 105 filmes, dentre eles 39 estrangeiros, que entram agora em processo de seleção. O diretor do Festival, Wolney Oliveira, estima que o resultado final seja divulgado por volta do dia 17 de maio. "Eu acompanho a seleção de longas e posso adiantar que teremos uma safra muito boa, uma das melhores de nossa história. Não só em relação ao Brasil, mas ao contexto ibero-americano", destaca.
 
 
Segundo Wolney, a maior parte dos filmes inscritos é inédita no Brasil. Ele chama atenção para a quantidade de produções argentinas, perdendo apenas para o Brasil em número de inscrições – com 16 longas. "A Argentina tem um cinema de ponta. Eles ganharam o Oscar em 2010. Isso é prova de que o Cine Ceará está conquistando espaço fora do País", defende o cineasta. Podem participar da competitiva obras finalizadas a partir de 2010, concorrendo às categorias de melhor filme, direção, fotografia, edição, roteiro, som, trilha sonora original, direção de arte, ator, atriz e prêmio da crítica.
 
 
A participação de longas cearenses na competitiva deve ser menor que a do ano passado, segundo pré-avaliação do diretor. Wolney explica que, apesar de estarem inscritos vários filmes, a safra este ano não deve bater em qualidade a de 2011 que incluiu filmes como "Homens com Cheiro de Flor", de Joe Pimentel, "Os últimos cangaceiros", do próprio Wolney, e o grande vencedor do Cine Ceará passado, "Mãe e Filha", de Petrus Cariry, que ganhou os prêmios do júri e da crítica. Recentemente, ressalta, o filme de Petrus foi premiado ainda como melhor filme do Festival de Cine de Montevideo. "Acredito que esse ano vamos ter no máximo dois longas do Ceará na mostra principal. Podem ter outros na mostra Olhar do Ceará, que são filmes que não entraram na competitiva", adianta.
 
 
Curtas
 
Além dos longas, concorrem ao Troféu Mucuripe os filmes selecionados para a mostra competitiva de curtas-metragens. Ao total foram 331 inscritos, superando a marca de 309 de 2011. Os curtas devem ter sidos finalizados a partir de 2011 e concorrem às categorias de melhor filme, direção, roteiro, produção cearense e prêmio da crítica.
 
 
Retorno
 
Em seu segundo ano no Theatro José de Alencar, o Festival "está muito bem acolhido", avalia Wolney. "A prova foi feita ano passado e o retorno foi muito bom. Se você faz uma comparação a 2010, que foi o último ano que o Cine São Luiz funcionou, o Theatro foi infinitamente melhor. A acústica é melhor, o ar condicionado era melhor, além da vantagem muito grande que é ter os jardins do Burle Marx ali do lado", destaca.
 
 
Uma possível volta para o Cine São Luiz, adianta, é ainda incerta e dependerá da reforma que a Secretaria da Cultura do Estado, que recentemente se mudou para o prédio acima do cinema, pretende realizar. "Acho que a gente só deve voltar para o São Luiz, no mínimo, em dois ou três anos. Vai depender do ritmo e de como for essa reforma", diz
 
 
Novidades
 
Este ano, o Cine Ceará abrigará uma de suas mostras paralelas no auditório do Centro Cultural do Parlamento Cearense (CCPC), na Assembleia Legislativa. A ideia, explica Wolney, é firmar o novo espaço como ponto de exibição audiovisual e dar sequência a parceria com o Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp), que no ano passado foi responsável pela coordenação de um seminário durante o evento. "Acredito que a acústica é legal. Teremos, logicamente, que fazer alguns ajustes, mas é um lugar superluxuoso. Super bem vindo e bem vindo para a Cidade", diz. A programação extra exibição de filmes, assim como as mostras paralelas deste ano ainda estão sendo definidas e devem incluir uma relacionada ao tema do Cine este ano, "Lutas Sociais na América Latina", além das já firmada "Olhar do Ceará", com filmes cearenses que ficaram de fora da competitiva. "Vamos fazer eventos, seminários, lançamentos de livro, debates, mas ainda estamos fechando", diz.
 
 
Homenageados
 
A abertura do Cine Ceará, marcada para o dia 1º de junho, deve contar com a presença do ator Marco Nanini, da produtora de cinema Lucy Barreto, esposa do cineasta cearense Luís Carlos Barreto, e do reitor da UFC, Jesualdo Farias. Eles serão homenageados com a entrega do Troféu Eusélio Oliveira. Nanini é um dos grandes atores do cinema, da TV e do teatro brasileiro. Lucy Barreto é uma das grandes produtoras de cinema do Brasil, que está completando 70 anos de idade e mais de 70 longas produzidos. Podemos dizer que é a produtora de cinema mais importante País", destaca Wolney Oliveira.
 
 
O terceiro homenageado da noite, Jesualdo Farias, único que não está ligado diretamente ao cinema, explica Wolney, é um dos entusiastas do Cine Ceará – a UFC é realizadora do evento por meio da Casa Amarela Eusélio Oliveira – e recentemente deu contribuições significativas para o cinema no Estado, criando o curso de audiovisual da UFC. "É um reconhecimento de um reitor que tem um carinho especial pela cultura", destaca.