O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, anunciou que o país reduziu sua meta de crescimento para 7,5% em 2012. A medida faz parte de um amplo processo de mudança do modelo de desenvolvimento econômico chinês, hoje altamente baseado nas exportações. Segundo Jiabao, o objetivo é fortalecer o mercado de consumo interno.
"Devemos acelerar a reestruturação da política econômica acrescentando a demanda interna, sobretudo o consumo, a inovação e a economia de energia para a construção socialista no econômico, político, cultural e social”, disse Jiabao, na abertura das sessões da ANP (Assembleia Nacional Popular) que acontece em Pequim.
A meta de 7,5% representa a continuação do processo de desaceleração da economia chinesa, que cresceu 9,2% no ano passado, após ter picos de até 12% ao longo da última década.
O anúncio de Jiabao tem como horizonte o XVIII Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, marcado para o segundo semestre. O encontro, que acontece a cada cinco anos, servirá para definir a política chinesa na próxima década.
A notícia gerou preocupação nos mercados financeiros internacionais, já que o forte crescimento chinês vinha atenuando os efeitos da crise internacional, especialmente nos países desenvolvidos. Se efetivamente ocorrer, uma desaceleração da economia chinesa também pode afetar países emergentes como o Brasil, fornecedores de matérias-primas para o gigante asiático.
"A crise financeira internacional continua e em alguns países persistem as dificuldades para aliviar a curto prazo o problema da dívida soberana. Em nível nacional é premente que resolvamos contradições institucionais e estruturais", disse, Jiabao.
No nível nacional, é preciso "atenuar o desequilíbrio e a descoordenação e abordar pressões sobre emprego, desenvolvimento da agricultura, aumento de renda dos camponeses, excesso de capacidade produtiva de certos setores e desmesurado consumo de energia", destacou.
Wen reconheceu que em 2011 "não foram cumpridas algumas metas com problemas em desapropriação de terras, demolição de casas, segurança em produção alimentar e farmacêutica e em distribuição de renda que suscitam protestos das massas", acrescentou.
O Governo tentará também deter o aumento da inflação, cujo índice oficial ficou em torno de 4% contra 5,4% anualizado de 2011.
Além disso, segundo o relatório de 39 páginas apresentado à ANP, a China aumentará em 2012 o volume de importações e exportações em 10% para melhorar seu balanço de pagamentos.