O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) criticou nesta segunda-feira (5), em sessão solene em homenagem ao povo palestino, a construção, pelo governo israelense, de mais um muro dentro de territórios da Cisjordânia ocupada. Ele se referia a um muro de 711 quilômetros que tem 85% de seu traçado dentro das fronteiras da Cisjordânia, o que pode levar à anexação de 9% dos territórios ocupados.
Inácio Arruda recriminou ainda o "silêncio sepulcral" da mídia internacional a respeito dessa iniciativa do governo israelense, adotada com base em alegação de segurança e já condenada por parecer da Assembléia Geral das Nações Unidas. Para Inácio Arruda, essa é mais uma ação "para separar povos, impedir o livre trânsito e dificultar a construção da paz na região".
– Estamos ao lado do povo palestino para colocar abaixo mais um muro – declarou.
Inácio Arruda (PCdoB-CE) e a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) foram os propositores da homenagem, realizada em virtude da passagem do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, em 29 de novembro. Conforme o senador, todos os líderes partidários do Senado apoiaram a proposta, pois são solidários com a causa da consolidação do Estado palestino.
A sessão contou com significativa presença de representantes do corpo consular e diplomático, especialmente de países do mundo árabe. O embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Mohamed Alzeben, foi representado pelo ministro conselheiro Salah Elqataa. A líder do PSOL, Marinor Brito (PA), se alternou com Inácio Arruda no comando dos trabalhos.
Marinor Brito (PSOL-PA) lembrou que, recentemente, a Autoridade Palestina, sob o comando da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), pediu o reconhecimento da Palestina como nação membro da ONU. Porém, disse que esse "reconhecimento formal" é insuficiente. Na opinião de Marinor, o governo brasileiro, no comando da sétima maior economia do mundo, pode exercer papel mais "afirmativo" para o desenlace da questão palestina.
– A própria ONU tem se limitado a condenar formalmente alguns crimes cometidos por Israel, sem adotar qualquer medida de proteção ao povo palestino contra sucessivas agressões – comentou a senadora.
Fronteiras de 1967
O ministro conselheiro Salah Elqataa destacou que o objetivo palestino é estabelecer um estado independente, ao lado de Israel, tendo por base as fronteiras de 1967. A partir desse ano, na sequência da Guerra dos Seis Dias, começou a ocupação israelense sobre territórios palestinos e também a anexação de áreas de países árabes que se envolveram no conflito.
Salah Elqataa disse que o respeito às fronteiras de 1967 é mencionado em todos os acordos de paz até então firmados com Israel. Salientou ainda que, durante décadas, os palestinos implementaram todas as condições para o cumprimento desses acordos, lamentando que "a outra parte" não tenha agido do mesmo modo.
– Nós queremos e achamos imprescindível chegar a uma paz justa e duradoura, mas Israel continua destruindo nossas casas e matando nossa gente – acusou.
O representante palestino disse também que não é possível concordar com a construção do muro, considerada ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça, em Haia.