O senador Inácio Arruda foi um dos conferencistas da mesa redonda Direitos Humano, Defesa e Democracia, que aconteceu nesta segunda-feira (08.08) durante a realização da 5ª Edição do Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Enabed).
O evento traz à tona debates relevantes em torno de temas como a proteção de fronteiras, tecnologias de segurança, relações internacionais, defesa de bens naturais e até a modernização das forças armadas.
Em sua fala, o senador Inácio Arruda defendeu a aprovação da Comissão da Verdade, um espaço importante para a população brasileira conhecer melhor a história mais recente do Brasil; lembrou o golpe militar que cerceou os direitos de civis e militares, resultando, após 20 anos, na anistia. No entanto, explicou que, quem foi atingido pelos atos institucionais pagou uma pena, foi preso, torturado, exilado. Mas quem cometeu crime de tortura não recebeu nenhuma punição.
O senador ressaltou a necessidade de lutar por um projeto de nação para o Brasil, que atenda aos anseios e necessidades do povo e não só de uma elite muita rica. Por fim, disse que a questão da defesa nacional não passa apenas por armar as forças armadas, mas acima de tudo, capacitar o país tecnologicamente para que ele se insira no contexto das grandes nações.
O outro conferencista da mesa redonda “Direitos Humanos, Defesa e Democracia” foi o professor Eliézer Rizzo. Ele destacou a função das forças armadas, sua importância para o sistema democrático, defendeu a introdução da disciplina Direitos Humanos nos cursos universitários, e falou sobre a Lei da Anistia, lembrando que era preciso trabalhar com a idéia do perdão, “não do perdão individual, mas o perdão do sistema político. Precisamos cultivar a cultura da paz”. A mesa redonda foi coordenada por Gustavo Feitosa.
O ENABED
Esta é a primeira vez que o ENABED acontece no Nordeste. A escolha de Fortaleza é bem-vinda, pois acumula muito para a área de pesquisa, afirma o presidente do evento, Samuel Alves Soares. "Essas discussões são essenciais para o País, principalmente porque o Brasil ainda tem fragilidades, não tem um plano estratégico de defesa, ele está sendo fomentado", diz.
O seminário conta com a presença de cerca de 300 inscritos, entre militares e civis que, durante três dias de eventos, vão participar de quatro conferências, dez mesas redondas e 15 simpósios com 215 trabalhos. Ontem à tarde, uma das palestras versou sobre "Direitos Humanos, Defesa e Democracia".
A professora e coordenadora do Observatório das Nacionalidades, Mônica Martins, comenta que uma nova concepção de defesa tem predominado, aquela que não pensa apenas na "força" das armas, mas sim na importância das estratégias, do fim das desigualdades sociais e total superação da pobreza.
"A melhor defesa é cuidar do desenvolvimento do País. Não temos mais que pensar em segurança só com homens armados", analisa Martins. Além disso, ressalta que a salvaguarda da Amazônia é fundamental.
O encontro contou também com a participação de pesquisadores e políticos de outros países como Austrália, Estados Unidos, França e Inglaterra. O ministro da Defesa do Equador, Javier Ponce, participou da abertura ontem. Ele destacou a necessidade de profissionalização dos militares. "Estamos defendendo maior defesa da autonomia e o aumento das relações entre os países do Sul", diz.