Segundo analista, comunicado do BC americano mostrou uma visão muito pessimista sobre a perspectiva econômica do país
O Federal Reserve (FED) demonstrou uma visão bastante pessimista sobre a perspectiva econômica dos Estados Unidos no comunicado divulgado depois da reunião de política monetária, afirma o economista-chefe do HSBC para os Estados Unidos, Kevin Logan. "É possível que os EUA estejam à beira da recessão e caiam nela nos próximos meses", afirmou. O analista enfatiza, no entanto, que foi importante para os mercados a garantia do FED de que os juros continuarão extremamente baixos por pelo menos dois anos.
Juros baixos até 2013
A reação nos mercados de títulos, por exemplo, com queda recorde das taxas de juros, aponta a força que teve a referência do Fomc sobre o período mínimo de tempo durante o qual o juro básico permanecerá muito baixo no país. Para o analista, tal menção é um passo importante do FED. "O comprometimento em manter o juro básico no nível corrente, de zero a 0,25 ponto porcentual, até pelo menos meados de 2013 foi uma manifestação forte do FED. Isto significa que os juros de curto prazo nos Estados Unidos, de 2 a 3 anos, também ficarão baixos por este período de tempo. (O FED) está mais ou menos garantindo juros muito baixos nos próximos dois anos", reforçou.
Com base nesta percepção sobre o juro básico, Logan afirma que Ben Bernanke não deverá anunciar a terceira rodada de flexibilização quantitativa (QE3) no Simpósio Anual do Federal Reserve em Jackson Hole, em Wyoming, marcado para 26 de agosto, como estimam alguns analistas de instituições internacionais. Permanece a lembrança de que foi durante este simpósio que o chairman anunciou o QE2.
Projeções para o PIB
Diante da percepção traçada no comunicado sobre a economia do país, fica evidente, disse Logan, que o Fomc precisará reduzir as projeções econômicas que usualmente publica em algumas edições da ata de reunião de política monetária. A próxima divulgação de projeções deve ocorrer em novembro. Ele estima que as projeções para o PIB dos EUA em 2011, atualmente entre 2,7% e 2,9% no intervalo chamado de Tendência Central, serão cortadas provavelmente entre 0,5% e 1,0%.
O Fomc reconheceu, no comunicado, que os fatores temporários respondem apenas por parte do enfraquecimento econômico recente, em oposição à visão que tinha na reunião anterior, realizada em junho, quando estimava que a desaceleração econômica seria temporária. Desta vez, o comitê do Fed afirmou que aumentaram os riscos negativos para a perspectiva econômica norte-americana, enfatizou Logan. "Então está adotando uma visão muito mais pessimista sobre a economia".
A economia dos EUA está patinando em direção à fronteira da recessão, concorda Logan. "É bem possível que a economia esteja à beira da recessão. Não avaliamos que a economia esteja em contração neste trimestre, mas a perspectiva para um crescimento forte não parece muito boa. A confiança do consumidor está começando a cair, e agora podemos antecipar contração fiscal, o que também está afetando negativamente a confiança das corporações. Então, é possível que a economia possa cair em recessão nos próximos meses", disse.