Em média 40% dos brasileiros têm anemia. De forma simples e barata, o Brasil pode reduzir consideravelmente o índice. A ideia é que o ferro e outros nutrientes sejam introduzidos no arroz para levar à população as quantidades mínimas diárias. O custo do ultra rice, segundo os criadores da técnica, é praticamente zero. A adição da fórmula é feita por um processo de extrusão a frio no arroz comum e eleva os custos em 5%. No futuro, o valor pode chegar a zero.
A adição de nutrientes em alimentos já obteve experiências positivas no Brasil e no mundo. O iodo está incluído no sal de cozinha desde 1982 e a água contém flúor.
O projeto do ultra rice, do instituto Path, é utilizado em países como Colômbia e Nicarágua para toda a população como uma política de governo. Na Índia, cerca de 200 mil pessoas já são beneficiadas, mas a expectativa é chegar a 800 mil.
O Brasil está começando a utilizar a tecnologia em caráter experimental. Já existem projetos pilotos sendo desenvolvidos em Indaiatuba (SP), Dourados (MS) e Vespasiano (MG). Em Sobral, na zona norte do Ceará, o ultra rice foi utilizado na rede pública de ensino. Em menos de um ano que o produto é utilizado na alimentação, foi observada uma queda de 27% para 11% nos índices de anemia de crianças de seis meses a dois anos de idade.
O principal objetivo é investir na melhoria das condições de saúde das pessoas mais vulneráveis socialmente, segundo o o coordenador do projeto ultra rice no Brasil, Sérgio Segall. Ele explicou que o grupo busca parcerias com entes públicos que possam entender a importância do projeto. “O apoio dos entes públicos é muito importante. Existe um problema e nós temos a tecnologia para tratar, mas precisamos de apoio dos setores públicos”, destacou.
A fórmula do ultra rice engloba zinco, ferro, ácido fólico e tiamina.
HISTÓRICO
O projeto do ultra rice começou em 1995. Os estudos estão sendo desenvolvidos no Brasil pela na Universidade Federal de Viçosa (MG). A ideia será apresentada hoje no Iprede.
A deficiência de ferro na alimentação pode provocar queda no rendimento escolar, retardamento do crescimento, queda na imunidade e vulnerabilidade a infecções.
Os grupos vulneráveis são principalmente crianças, adolescentes e mulheres grávidas. A ideia do produto é criar um complemento nutricional, segundo o coordenador do programa de pós-graduação em ciências da saúde da Universidade Federal de Minas Gerais, Joel Alves Lamounier.
O arroz foi escolhido pela sua importância na alimentação do brasileiro. A mistura é de 1 por 100.