Presidente da Síria anuncia anistia geral para crimes políticos


O presidente da Síria, Bashar Al-Assad, determinou nesta terça-feira uma anistia geral para todos as pessoas que cometeram crimes políticos, informou a imprensa estatal. A medida foi vista com cautela pelos grupos opositores, que pressionam nas ruas pela queda do governo.

Segundo a agência estatal síria Sanam, Assad ofereceu perdão aos crimes políticos cometidos antes de 31 de maio. A anistia abrangeria todos os grupos de oposição do país, incluindo a banida Irmandade Muçulmana.

A Irmandade esteve por trás de um levante, em 1982, na cidade de Hama (oeste do país) que foi reprimido pelo governo e terminou com a morte de 10 mil pessoas. O grupo apoiou – ainda que não tenha iniciado – a atual onda de protestos antigoverno.

O correspondente da BBC no Líbano Jim Muir disse que a anistia foi antecipada. Espera-se, nos próximos dias, que o governo lance a proposta de um diálogo nacional. Mas Muir afirma que o sucesso das medidas do governo depende, em grande parte, da intenção de Assad de libertar os presos políticos do país.

Em março passado, pouco antes de uma escalada nas manifestações antigoverno, Assad havia instituído uma anistia aos condenados por crimes menores e aos prisioneiros com mais de 70 anos. No mês seguinte, o presidente extinguiu leis de emergência que vigoravam havia décadas.

O governo atribui as manifestações a grupos armados, islâmicos e estrangeiros. Em sua reação inicial à proposta de anistia, ativistas sírios se queixaram de que a medida representa “muito pouco, muito tarde”.

“É insuficiente”, disse à agência AFP Abdel Razak Eid, do movimento Declaração de Damasco. “Estamos unidos sob o slogan: as pessoas querem a queda do regime e que todos os que cometeram crimes paguem por isso.”