A luta histórica dos trabalhadores rurais brasileiros pela reforma agrária foi abordada pelo senador Inácio Arruda em pronunciamento, nesta terça-feira (.05), no plenário do Senado Federal. Inácio condenou de forma veemente os crimes contra líderes do movimento pela reforma agrária na região norte do país.
"Denuncio novos massacres de trabalhadores rurais defensores da reforma agrária, gente que quer produzir no campo", disse o senador pedindo um basta para os crimes praticados por aqueles que resistem ao processo de reforma agrária no Brasil.
Em seu pronunciamento, Inácio protestou contra a repetição do que chamou de "rotina inaceitável, perniciosa e macabra" que levou a vida dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Pará, na semana passada. Também foram mortos o agricultor Eremilton Pereira dos Santos, provavelmente por ser testemunha da execução do casal, e o líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, em Rondônia.
"Eles defendiam a floresta e a reforma agrária em benefício dos pequenos agricultores e contra a exploração predatória do latifúndio. Eram vigilantes implacáveis e incansáveis. Esses homens lutadores não queriam que os poderosos, os grandes de sempre, usassem e abusassem do nosso território, extraindo madeira ilegal, fazendo derrubadas inconsequentes para poder tirar proveito, ganhando e fazendo fortuna às custas da riqueza daquela nossa região. Foram mortos por causa da luta pela reforma agrária, pelo direito de plantar", afirmou.
"O sangue de trabalhadores e de comunistas encharcam o chão", disse Inácio, explicando que Adelino Ramos, o Dinho, já havia sobrevivido ao massacre de Corumbiara (RO), em 1995, quando três trabalhadores rurais foram assassinados. Ele conseguiu escapar e aumentou seu protagonismo à frente da luta, sendo um dos fundadores do Movimento Camponês Corumbiara, que é o único dos trabalhadores rurais sem terra naquele Estado. Naquele período, aproximou-se do PCdoB e passou a fazer parte de sua direção estadual em Rondônia. Em 2007, foi um dos fundadores da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, e membro de sua direção estadual.
Dos 34 assassinatos de líderes do movimento de reforma agrária em 2010, 18 foram cometidos no Pará. Nos últimos 40 anos, mais de 800 assassinatos de trabalhadores rurais foram realizados naquele estado, apenas 18 desses crimes, pouco mais de 2% do total, foram a julgamento, somente oito assassinos foram condenados e, destes, um único cumpre a pena, um em 800. "Esse é o retrato da impunidade, que exige um basta e impõe a punição de criminosos, que usam o nome de empreendedores, para roubar terras, madeira e vidas".
Em homenagem a José Cláudio, Maria e Dinho é preciso proclamar. "Esses homens e mulheres do povo deixam essa bandeira na mão de milhões de brasileiros para manter a sua luta firme e continuada. E ela só vai terminar com a conquista da reforma agrária, da democracia e da justiça no campo. Ao mesmo tempo, temos que pedir que o nosso Estado, por iniciativa do nosso Governo e também do Congresso Nacional, garanta a segurança desses homens e mulheres lutadores. Eles querem produzir, alimentar seus filhos, suas famílias e o povo dessas regiões, e muitos em todo o Brasil", alegou o parlamentar.
Inácio Arruda defendeu ainda o projeto de desenvolvimento nacional proposto pelo Partido Comunista do Brasil, baseado nos interesses maiores do povo brasileiro. Isso inclui temas centrais, como a política econômica, a consolidação do processo democrático a partir da liberdade de organização partidária e, especialmente, a reforma agrária. "O PCdoB, historicamente, levanta a bandeira da reforma agrária. Há um apoio urbano e de setores rurais importantes. Mas ainda há inimigos poderosos dos que lutam em defesa da terra para os que produzem, para os que querem trabalhar na terra, os que querem a reforma agrária", concluiu.