Nos quatro primeiros meses deste ano o número de transplantes de órgãos e tecidos realizados no Ceará foi 12,5% maior que o registrado no mesmo período de 2010. Entre janeiro e abril, a quantidade de transplantes passou de 337 no ano passado para 379 este ano.
Em 2010, o Ceará ficou em sétimo lugar no País em número de potenciais doadores, pacientes com morte encefálica confirmada. Dos 325 doadores potenciais registrados no ano passado, 127 tornaram-se efetivos, representando 14,8 doadores efetivos por milhão da população (pmp/ano), o quarto melhor resultado do Brasil. Em 2009, o Ceará teve 11,2 doadores efetivos pmp/ano. São Paulo tem a maior proporção de doadores efetivos, com taxa de 21,2 pmp/ano em 2010. Em termos comparativos, no Brasil o número de doadores efetivos foi de 9,9 pmp/ano em 2010, enquanto a Espanha registra índice de 34 pmp/ano e, os EUA, de 25 pmp/ano.
No primeiro quadrimestre de 2011, o Ceará identificou 125 potenciais doadores, 20 a mais que em 2010, e 49 doações foram efetivadas, duas a mais que no ano anterior. Em relação ao mesmo período de 2010, o registro de potenciais doadores aumentou 19% e de doadores efetivos de apenas 4,25%. Estima-se entre 0,5% e 0,75% o percentual de morte encefálica do total de mortes de determinada população. Nos hospitais, o índice sobe para 2% a 4% e, nos hospitais com Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para 10% a 14%. Esse seria o percentual de potenciais doadores. Em média, de cada oito potenciais doadores, apenas um é notificado. Ainda assim, o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados por ano, mais de 90% pelo Sistema Único de Saúde.
O processo de doação começa com a identificação e manutenção dos potenciais doadores. Em seguida, os médicos comunicam à família a suspeita da morte encefálica, realizam os exames comprobatórios do diagnóstico, notificam o potencial doador à Central de Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), que repassa a notificação à Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). O profissional da CIHDOTT realiza avaliação das condições clínicas do potencial doador, da viabilidade dos órgãos a serem extraídos e faz entrevista para solicitar o consentimento familiar da doação dos órgãos e tecidos. Nos casos de recusa, o processo é encerrado.
No Ceará, em 2010, chegou a 19,6% o percentual de potenciais doadores descartados por causa da recusa da família em autorizar a doação. Uma vez identificado o potencial doador, segundo a Lei 9.434/97, “é obrigatório para todos os estabelecimentos de saúde notificar às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) da Unidade Federada onde for feito o diagnóstico de morte encefálica, em pacientes por eles atendidos”. Esses estabelecimentos são denominados de notificantes, que é onde existe a possibilidade de ser encontrado um potencial doador. No Brasil, o número de doadores é insuficiente para atender a demanda crescente dos receptores que necessitam de um transplante. Isto ocorre devido ao número inexpressivo de notificações de pacientes em morte encefálica as CNCDOs, pela recusa familiar à doação ou pela falta de condições clínicas dos possíveis doadores.
Qualificação
Para melhorar a notificação de morte encefálica, a Central de Transplante realizou em fevereiro, pelo segundo ano consecutivo, curso com 40 médicos intensivistas para esclarecer sobre a abertura de protocolo de morte encefálica e manutenção de potenciais doadores. As 325 notificações de potenciais doadores em 2010 foram feitas por 21 hospitais cearenses. Os campeões de notificação são o Instituto Dr. José Frota (IJF), com 124 notificações e 59 efetivadas (47,6%). Em seguida aparecem a Santa Casa de Sobral, com 67 notificações e 18 efetivações (26,9%), e o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), com 65 notificações, 25 efetivadas (38,4%). Em todo o Estado existem 15 centros transplantadores de órgãos e tecidos.
Dos 379 transplantes realizados até abril no Ceará, este ano, 81 foram de rins, 235 de córnea, um de esclera, seis de coração, 47 de fígado, quatro de medula óssea e quatro de pâncreas. Na lista de espera há 370 pacientes esperando por córnea, 195 por rim, sete por coração, 141 por fígado, dois por pâncreas, dois por pulmão e 46 por medula óssea, totalizando 763 pacientes.