Os movimentos sociais terão um papel de destaque na erradicação da miséria, segundo a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que participou, nesta terça-feira () da reunião de ministros e assessores com a presidenta Dilma Rousseff, para debater o plano Brasil sem Miséria. "A rede de organizações não governamentais será importante instrumento para ajudar o governo federal a identificar pessoas que ainda estão fora de alcance das políticas públicas", disse a ministra, destacando o papel que os segmentos sociais vão desempenhar na proposta de superação da extrema pobreza.
Tereza Campello disse haver uma convergência entre o plano que está sendo elaborado e as preocupações dos movimentos sociais. "A questão do negro, da área rural, do semiárido, da produção da agricultura familiar já estão sendo consideradas pelo governo", observou a ministra.
Para a ministra, a idéia que orienta o plano é que a pobreza seja olhada em suas várias dimensões. "O objetivo é chegar a 2014 com elevação de renda e de melhoria das condições de vida dos 16,2 milhões de pessoas que ainda permanecem na extrema pobreza, apesar dos avanços dos últimos anos", ressaltou a ministra. Ela sinalizou que o Cadastro Único será o grande instrumento de planejamento para o conjunto das ações do setor público. O plano está sendo desenhado sobre três eixos: transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva.
Estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 16,267 milhões de brasileiros têm renda per capta de até R$ 70 por mês, o público alvo da campanha. Durante a reunião, no Palácio do Planalto, Tereza Campello e o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, apresentaram um balanço sobre a linha da extrema pobreza. O estudo apontou que os brasileiros extremamente pobres – 8,5% da população – estão concentrados principalmente na região Nordeste, totalizando 9,61 milhões de pessoas (1%), sendo a maioria no campo (4%).
Lideranças destacam importância do plano
O debate sobre o Plano do Brasil sem Miséria com os movimentos sociais continua nesta semana. Estão programados diálogos representantes de entidades patronais, sindicatos de trabalhadores e igrejas. "O plano Brasil sem Miséria talvez seja um dos mais importantes no País para acabar com a desigualdade", afirmou Alexandre Braga, representante do movimento negro.
Segundo o IBGE, dos brasileiros extremamente pobres nas áreas urbanas (67 milhões), pouco mais da metade vive no Nordeste (6%) e cerca de um em cada quatro na região Sudeste (7%). De um total de 29,83 milhões de brasileiros residentes no campo, cerca de um quarto se encontra na extrema pobreza (5%), totalizando 7,59 milhões de pessoas. As regiões Norte e Nordeste apresentam valores relativos próximos (7% e 35,4%, respectivamente) de população rural extremamente pobre.