Soldados do Exército líbio e opositores armados enfrentaram na manhã desta sexta-feira (27) violentos confrontos na cidade ocidental de Misratah, enquanto aviões da Otan voltaram a bombardear contra zonas civis e governamentais da capital, Trípoli.
Os rebeldes, que se manifestam contra o líder Muamar Kadafi, tentaram manter o controle da terceira maior cidade da Líbia e responderam à contra-ofensiva das tropas regulares com armamento pesado. Segundo fontes da oposição, os soldados atacaram com bombas e projéteis.
Moradores de Misratah asseguraram escutar explosões potentes e sirenes de ambulâncias que transportavam vários feridos por todos os lados da cidade. Informações contraditórias, atribuídas a um porta-voz da insurgência, apontam para o fato de que as forças de Kadafi lançaram bombas contra centros urbanos e mataram três rebeldes. No entanto, ao mesmo tempo, reconhecem que os confrontos ocorreram na periferia da cidade.
Os insubordinados afirmaram ter pleno controle de Misratah e da Cirenaica, região costeira da Líbia. Porém, admitiram que nas Montanhas Ocidentais, a sudoeste de Trípoli, o cenário continua sem definições no plano militar.
Na última madrugada, os aviões da Otan voltaram a bombardear complexos residenciais, na tentativa de encontrar a residência de Kadafi. Essa nova onda de ataques aéreos contra Trípoli inclui supostos quartéis ou centros de comando das forças armadas, assim como instalações e edifícios habitados por civis, muitos dos quais se viram obrigados a sair de casa para não correrem o risco de serem atingidos.
Segundo a agência de notícias oficial da Líbia, a Otan tem se concentrado durante a última semana em atacar setores de telecomunicações, o que, segundo especialistas, pode ser parte de uma ofensiva para silenciar as condenações governamentais à agressão.
O primeiro ministro líbio, Al Baghdadi Ali Al-Mahmoudi, pediu nesta quinta-feira (26) à ONU para estabelecer horário e data para o cessar-fogo, a fim de deter as incursões da Otan e iniciar um diálogo que conduza à transição.
Obama e Sarkozy: mais guerras e ameaças
O chefe do imperialismo estadunidense, Barack Obama, assegurou nesta sexta-feira (27) que seu país e a França estão unidos em sua determinação de "acabar o trabalho" na Líbia e alcançar a queda de Muammar Kadafi. À expressão “acabar o trabalho” deve-se acrescer o adjetivo “sujo”.
Obama se reuniu com o presidente da França Nicolás Sarlozy, outro país imperialista, no segundo e último dia da cúpula do Grupo dos Oito (G-8), que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia, na cidade francesa de Deauville.
Em breves declarações conjuntas ao fim de seu encontro, Sarkozy indicou: “compartilhamos a mesma análise de que Kadafi deve deixar o poder”.
Obama, por sua vez, assinalou que os dois líderes concordam que foram obtidos progressos na campanha da Otan na Líbia, mas que o objetivo desta missão não poderá ser cumprido totalmente se Kadafi permanecer no poder.
Parceiros em agressões e guerras imperialistas, Obama e Sarkozy falaram ainda sobre a guerra no Afeganistão e o programa nuclear iraniano. No Afeganistão, já perdura há dez anos uma guerra em que estão implicadas tropas dos dois países e do conjunto da Otan. Quanto ao Irã, os parceiros imperialistas reiteram ameaças e provocações.
União africana
A comissão especial sobre a questão líbia da União Africana teve uma reunião de emergência que terminou ontem em Adis Abeba, capital da Etiópia. O encontro serviu para discutir a situação do país árabe. Após o evento, foi emitida uma declaração pedindo o cessar-fogo imediato.
A comissão reiterou que continua enviando representantes à Líbia para promover o diálogo entre governo e oposição, além do cessar-fogo. A União Africana ainda vai enviar uma delegação de ministros para Nova Iorque, para negociar com o Conselho de Segurança da ONU e outros países membros.